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São Paulo, sábado, 01 de março de 2003

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CRÉDITO AGRÍCOLA

O agronegócio brasileiro tem apresentado uma rápida expansão, inclusive conquistando novos mercados no exterior, apesar da queda no volume de financiamento bancário. A safra de grãos mais do que dobrou, mas a oferta de crédito caiu de R$ 50 bilhões, em 1979, para R$ 22 bilhões, em 2002, uma queda de 56,7%, já descontando a inflação. Em 1979, havia R$ 1.221 em crédito para cada tonelada de grão produzida. Atualmente, essa proporção diminuiu para apenas R$ 207.
A contração no volume de crédito agrícola está associada a vários fatores. A despeito de o BC determinar que pelo menos 25% dos depósitos à vista sejam destinados ao setor, alguns bancos preferem deixar o dinheiro congelado no BC, dizendo que não têm tradição no mercado agrícola. Outros priorizam os grandes produtores e cooperativas, exigindo a safra como garantia. Diante da escassez de crédito, acabou prevalecendo a troca de safra por insumos.
A agricultura familiar, uma das mais carentes de crédito, sobretudo para investimentos, enfrenta grandes restrições. O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, procura sanar essa carência. Para a safra 2002/2003, o programa deve destinar R$ 4,2 bilhões aos pequenos agricultores, ou 19% do crédito agrícola total do país.
A expansão do crédito à agricultura familiar é importante, pois é fonte de renda e de emprego, mas não deve comprometer os recursos destinados à agricultura comercial, sob o risco de comprometer o abastecimento interno e as exportações. Segundo o IBGE, a agricultura familiar representa 85,2% dos estabelecimentos rurais, mas responde por 37,9% do valor bruto da produção. Deve-se, pois, procurar enfrentar o desafio de expandir as linhas de crédito à agricultura familiar, sem prejudicar as linhas de financiamento aos médios e grandes produtores. Uma das alternativas seria assegurar uma rentabilidade ao pequeno produtor, mediante aperfeiçoamentos na política de preços mínimos.


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