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São Paulo, sábado, 01 de março de 2003

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O FUTURO DA ONU

A crise iraquiana não envolve apenas Saddam Hussein, George W. Bush e mais meia dúzia de líderes nacionais. Também está em jogo o futuro das Nações Unidas.
Os EUA, que querem a guerra já, não cessam de afirmar que, se a ONU não autorizar uma ação contra Saddam Hussein, estará se desmoralizando diante de ditadores que desafiem a organização. Para o presidente do país mais poderoso do planeta, as Nações Unidas precisam agora demonstrar que não são "uma sociedade irrelevante de debates".
No outro extremo, estão os que vêem na organização um mero palco para que os EUA legitimem seus desígnios bélicos. Num mundo pós-Guerra Fria em que cada país tem seu preço, a única superpotência restante não tinha, até agora, enfrentado maiores resistências para aprovar resoluções de seu interesse, notadamente a Guerra do Golfo em 1991.
Ninguém duvida de que a ONU apresenta problemas. É também inegável que, depois do colapso da URSS e do bloco socialista, a força dos EUA cresceu exponencialmente. Ainda assim, as Nações Unidas mantêm, em determinados casos, uma saudável independência. Mais do que isso, a ONU é o que de mais perto existe de uma federação mundial, que seria temerário descartar.
Bem feitas as contas, a ONU não é nem irrelevante nem um mero balcão para autenticar decisões de Washington. Prova-o o simples fato de George W. Bush ter sido constrangido a alterar seus planos de guerra para ver se obtém o aval internacional para lançar-se em batalha.
As Nações Unidas são a única instância capaz de conferir legitimidade a iniciativas internacionais. Sua estrutura está ultrapassada, e a organização frequentemente recai em vícios comprometedores. Ainda assim, a ONU é o que permite separar, hoje, no campo das relações internacionais, ações coercitivas legítimas das guerras de agressão, movidas por simples interesses. É preciso melhorar a ONU, não descartá-la.


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