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São Paulo, sábado, 01 de março de 2003

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FERNANDO RODRIGUES

Juvêncio e Sarney abafam

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto e o PT têm um desafio pela frente. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e o presidente da Conselho de Ética, Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS), agem para impedir que a Casa investigue o caso dos grampos telefônicos ilegais da Bahia.
Aos fatos.
Na quinta-feira, senadores do PT tiveram acesso à transcrição de uma conversa entre o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e um jornalista da revista "IstoÉ". O diálogo é do início de fevereiro.
O texto contém indícios de envolvimento de ACM com os grampos. Não fica provado que foi ele o mandante. Mas a situação do baiano se complica. Ele já estava no exercício do mandato. Por exemplo: há quebra de decoro parlamentar quando um senador entrega para a imprensa relatórios sobre gravações ilegais?
Os senadores petistas -Aloizio Mercadante (SP), Heloísa Helena (AL) e Tião Viana (AC)- cumpriram o seu dever. Encaminharam uma carta ao Conselho de Ética do Senado. Relataram o ocorrido. Solicitaram investigação.
Por ignorância do regimento ou perfídia, o presidente do Conselho de Ética, Juvêncio da Fonseca, declarou que o PT "não teve a coragem" para fazer uma representação pedindo a cassação de ACM.
Não era o caso. O regimento do Senado é claro. Sem prova disponível -os petistas viram, mas não têm cópia da transcrição-, o que deve haver é uma investigação. Pode solicitá-la "qualquer parlamentar, cidadão ou pessoa jurídica".
Ladino, o senador Juvêncio encaminhou a carta dos petistas para a direção do Senado. Sarney estava no Maranhão. Decidiu voar para Brasília. Na capital, disse que tudo deve ser apurado. Mas nada de solicitar ação do Conselho de Ética.
O PT terá de dar sua resposta depois do Carnaval. Apoiará a operação-abafa de Juvêncio-Sarney? Eis aí um assunto para Lula resolver.


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