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FERNANDO RODRIGUES
Juvêncio e Sarney abafam
BRASÍLIA - O Palácio do Planalto e o
PT têm um desafio pela frente. O presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), e o presidente da Conselho de Ética, Juvêncio da Fonseca
(PMDB-MS), agem para impedir que
a Casa investigue o caso dos grampos
telefônicos ilegais da Bahia.
Aos fatos.
Na quinta-feira, senadores do PT
tiveram acesso à transcrição de uma
conversa entre o senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA) e um
jornalista da revista "IstoÉ". O diálogo é do início de fevereiro.
O texto contém indícios de envolvimento de ACM com os grampos. Não
fica provado que foi ele o mandante.
Mas a situação do baiano se complica. Ele já estava no exercício do mandato. Por exemplo: há quebra de decoro parlamentar quando um senador entrega para a imprensa relatórios sobre gravações ilegais?
Os senadores petistas -Aloizio
Mercadante (SP), Heloísa Helena
(AL) e Tião Viana (AC)- cumpriram o seu dever. Encaminharam
uma carta ao Conselho de Ética do
Senado. Relataram o ocorrido. Solicitaram investigação.
Por ignorância do regimento ou
perfídia, o presidente do Conselho de
Ética, Juvêncio da Fonseca, declarou
que o PT "não teve a coragem" para
fazer uma representação pedindo a
cassação de ACM.
Não era o caso. O regimento do Senado é claro. Sem prova disponível
-os petistas viram, mas não têm cópia da transcrição-, o que deve haver é uma investigação. Pode solicitá-la "qualquer parlamentar, cidadão
ou pessoa jurídica".
Ladino, o senador Juvêncio encaminhou a carta dos petistas para a
direção do Senado. Sarney estava no
Maranhão. Decidiu voar para Brasília. Na capital, disse que tudo deve
ser apurado. Mas nada de solicitar
ação do Conselho de Ética.
O PT terá de dar sua resposta depois do Carnaval. Apoiará a operação-abafa de Juvêncio-Sarney? Eis aí
um assunto para Lula resolver.
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