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Freio no crédito
NA SEMANA passada, o governo anunciou a elevação do chamado recolhimento compulsório dos bancos
para os níveis vigentes antes da
crise econômica que atingiu o
país ao final de 2008. Trata-se da
proporção dos recursos captados
pelas instituições financeiras
que devem ser mantidos no Banco Central, e que ficam indisponíveis para empréstimos.
Na crise, o governo decidiu reduzir o compulsório para lidar
com o forte movimento de aversão ao risco por parte dos bancos
diante do aumento da inadimplência dos tomadores de empréstimos. A medida procurou
incentivar as instituições a concederem empréstimos e, com isso, impedir uma crise de crédito
generalizada na economia, que
tenderia a colocar o país numa
recessão, a exemplo do que ocorreu em vários países.
A decisão tomada agora, de aumentar o compulsório, restringe
novamente o potencial de concessão de crédito do sistema
bancário, já que, dos R$ 100 bilhões que foram injetados na
economia à época da crise, cerca
de R$ 70 bilhões deverão ser novamente recolhidos ao BC.
A medida tem como efeito
imediato o aumento das taxas de
juros cobradas pelos bancos em
suas operações de empréstimos.
Ao mesmo tempo, o governo
conquista alguma margem de
manobra na condução da política econômica. De fato, apesar de
alguns sinais de que o processo
de recuperação da economia
atingiu um ritmo excessivo, ainda não está claro em que extensão o cumprimento da meta de
inflação para 2010, de 4,5%, se
encontra ameaçado.
Assim, o Banco Central pode
obter algum fôlego para determinar a hora do aumento da taxa
básica de juros. Num ano eleitoral, trata-se de um ganho importante para o governo, ainda que
possivelmente de curto prazo.
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