São Paulo, segunda-feira, 01 de março de 2010

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Editoriais

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Freio no crédito

NA SEMANA passada, o governo anunciou a elevação do chamado recolhimento compulsório dos bancos para os níveis vigentes antes da crise econômica que atingiu o país ao final de 2008. Trata-se da proporção dos recursos captados pelas instituições financeiras que devem ser mantidos no Banco Central, e que ficam indisponíveis para empréstimos.
Na crise, o governo decidiu reduzir o compulsório para lidar com o forte movimento de aversão ao risco por parte dos bancos diante do aumento da inadimplência dos tomadores de empréstimos. A medida procurou incentivar as instituições a concederem empréstimos e, com isso, impedir uma crise de crédito generalizada na economia, que tenderia a colocar o país numa recessão, a exemplo do que ocorreu em vários países.
A decisão tomada agora, de aumentar o compulsório, restringe novamente o potencial de concessão de crédito do sistema bancário, já que, dos R$ 100 bilhões que foram injetados na economia à época da crise, cerca de R$ 70 bilhões deverão ser novamente recolhidos ao BC.
A medida tem como efeito imediato o aumento das taxas de juros cobradas pelos bancos em suas operações de empréstimos.
Ao mesmo tempo, o governo conquista alguma margem de manobra na condução da política econômica. De fato, apesar de alguns sinais de que o processo de recuperação da economia atingiu um ritmo excessivo, ainda não está claro em que extensão o cumprimento da meta de inflação para 2010, de 4,5%, se encontra ameaçado.
Assim, o Banco Central pode obter algum fôlego para determinar a hora do aumento da taxa básica de juros. Num ano eleitoral, trata-se de um ganho importante para o governo, ainda que possivelmente de curto prazo.


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