|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO DE BARROS E SILVA
Águas de março
SÃO PAULO - Com sentimentos
opostos, petistas e tucanos manifestaram surpresa com o resultado
do Datafolha. Embora quase todo
mundo esperasse o crescimento de
Dilma Rousseff, quase ninguém
acreditava que ela pudesse encostar
em José Serra tão cedo e tão rapidamente. Encostou. Os quatro pontos
que agora os separam -Serra com
32%, Dilma com 28%- resultam
tanto da subida da petista como da
queda do tucano -cinco pontos cada um-, o que só aumenta o desconforto do (por ora) líder.
Consolida-se a percepção -que
já se tinha mesmo com a diferença
anterior, de 14 pontos- de que a segunda colocada é a favorita da disputa. A seu favor jogam a popularidade de Lula, a máquina do governo
federal, a situação econômica do
país, a militância petista e a aliança
política mais ampla e com mais
tempo de TV.
Contra Dilma, quem sabe, só ela
própria, que busca a Presidência
sem nunca ter disputado um voto
na vida e ainda é vista por muitos
como um peso difícil de carregar.
Aos tucanos restaria como consolo
o argumento de que, roçando nos
30%, a ministra ainda está abaixo
daquele terço do eleitorado historicamente simpático ao nome do PT.
Seja como for, já caducou o discurso de Ciro Gomes de que sua
candidatura presidencial seria uma
forma de garantir o segundo turno.
O roçado de Ciro foi atropelado pelo trator governista.
As atenções agora se voltam para
os tucanos. São duas as questões: 1.
Serra ainda pode desistir?; 2. Aécio
aceitará ser o seu vice? Serra gostaria de ter a segunda resposta antes
de se definir publicamente. Hoje,
no entanto, o mais provável é que
aceite enfrentar o desafio da disputa sem a certeza prévia de que contará com o mineiro em sua chapa.
Não há dúvida de que Aécio agora
será muito pressionado pelos tucanos. Mas quem precisa dizer a que
veio antes que as águas de março
fechem o verão é o governador de
São Paulo.
Texto Anterior: Editoriais: Freio no crédito
Próximo Texto: Brasília - Valdo Cruz: Riscos da soberba Índice
|