São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Nova fita
"Mesmo sem ser o responsável pelas investigações do caso Waldomiro, o subprocurador José Roberto Santoro, na calada da noite, se sentiu à vontade para barganhar com Carlinhos Cachoeira a entrega da fita em que o ex-assessor Waldomiro Diniz aparece cobrando propina para garantir, pelo que diz, campanhas eleitorais de petistas. O crime de Waldomiro ninguém contesta. O que ainda carece de esclarecimento é o lado político de toda essa história que parece acenar com o fato de não termos aprendido nada sobre os valores da democracia e da importância do respeito às instituições. Justamente quando lembramos os 40 anos do triste 31 de março de 1964, vemos representantes de uma das instituições mais importantes do país às voltas com uma conduta pouco ética que só faz justificar, ainda mais, a necessidade de controle externo não só do Ministério Público como do Poder Judiciário. Não são poucos os juízes que têm manchado o nome da Justiça brasileira. Não deixemos que o mesmo aconteça com nosso Ministério Público."
Edgar Soares Pereira (São Paulo, SP)

40 anos depois
"Nesta semana o famigerado golpe de 64 completa 40 anos. A rigor ele se deu no dia 1º de abril, com tudo o que de simbólico carrega essa data, e não no dia 31 da março, como quer a historiografia oficial. E as conseqüências danosas desse corte no processo democrático do país estão aí, punindo a sociedade brasileira e suas instituições. É desalentador verificar o quanto o Brasil, apesar da aparência de modernidade resultante da importação tecnológica, empobreceu e se mediocrizou. As dívidas públicas cresceram de forma estrambólica, a nossa subserviência a organismos internacionais chega ao paroxismo. Ninguém está preocupado em apurar os crimes dos militares, a exemplo da Argentina, porque, de certo modo, todos são beneficiários diretos ou indiretos daquela nódoa que se pregou em nosso país."
Josélia da Silva Almeida (Brasília, DF)

 

"Foi, de certa forma, estarrecedor o artigo assinado pelo general Carlos de Meira Mattos ("Tendências/Debates", 31/3). É inacreditável que, após todas as descrições históricas que vêm sendo feitas por ocasião do aniversário de 40 anos da instauração da ditadura militar, alguém tenha a coragem de vir a público para defender o período mais sombrio da história de nosso país, tendo como principal argumento a necessidade de defender o país de "uma minoria que, instalada no poder, pregava abertamente a supressão do regime constitucional e a implantação de um regime fechado, opressivo". O argumento poderia ser considerado hilário, se o assunto não fosse tão trágico por si só."
Ivan Bagini (Campinas, SP)

 

"Concordo plenamente com Carlos de Meira Mattos em seu artigo de ontem. O 31 de março de 1964 foi, sim, o marco que coroou a resposta da grande maioria dos brasileiros, apoiado pelas Forças Armadas, ante as ameaças e as tentativas de implantação de um regime político incompatível com a nossa vocação de viver numa sociedade livre e democrática. Eu vivi esse marco. Senti um governo austero, com gente correta, honesta, ocupando cargos públicos. Vi a boa intenção do governo militar aliado aos políticos civis. Os colegas corruptos, até então impunes, eram dispensados a bem do serviço público. Não deu totalmente certo, no meu entender, porque aos poucos foram abrindo a política para os civis, com as "aberturas políticas"."
Eriberto Veiga Leal (Itapeva, SP)

Contra-senso
"Leio, com espanto, a decisão de um juiz federal ordenando que a PF cesse a operação padrão. Se a dita operação padrão nada mais é do que o cumprimento fiel do que diz a lei, a douta decisão judicial consagra, se não o esgarçamento dela, a própria ilegalidade. Parece que a preocupação é com as filas nos aeroportos, privilégio de poucos, mas não com as filas do INSS, do SUS e dos desempregados, inferno de muitos."
Armando Navarro de Andrade (Santos, SP)

Teatro Oficina
"Mais uma vez, com sua interpretação intencionalmente negativa, Pedro Alexandre Sanches ataca como se a missão do jornalismo fosse semear discórdia. Dessa vez prejudicando gravemente um delicado e imenso esforço histórico de aproximação entre o Teatro Oficina, Cinthia e Silvio Santos. Sua interpretação vem, lamentavelmente, contribuir para o agravamento de um antagonismo de 24 anos prestes a transmudar-se em bodas de prata de paz entre as partes. A sorte do destino fez coincidir, numa oportunidade única, a premiação de "Os Sertões" logo após a de Cinthia Abravanel pelo seu caprichoso trabalho de teatro infantil. Os atores do Oficina, com a premiação de Cinthia, numa demonstração além dos aplausos muitas vezes burocráticos da platéia, expandiu toda a sua emoção num aplauso crepitante, amoroso, ligado a esse desejo de conciliação. O texto lido das primeiras cenas de "A Luta", por Haroldo Costa, proclama o encontro da paz dessa disputa histórica. O título da Ilustrada de ontem, "Grupo Oficina hostiliza filha de Silvio Santos", me chocou enormemente. Não estive na festa por estar no "Roda Viva", mas sou o autor do texto lido e sei das intenções do grupo que dirijo."
José Celso Martinez Corrêa, diretor teatral (São Paulo, SP)

Com respeito
"A prioridade que a Receita Federal dará aos idosos nas restituições do Imposto de Renda 2004 (ano-base 2003) é exemplar no que se refere ao cumprimento do Estatuto do Idoso. Está previsto que aqueles com mais de 60 anos têm prioridade no atendimento em órgãos públicos e privados prestadores de serviços. A Receita Federal nada mais faz que cumprir a lei, em vigor desde de 1º de janeiro de 2004, mas constatar que o Estatuto do Idoso não é uma lei que ficará apenas no papel revigora a expectativa daqueles que trabalham em prol dos brasileiros maiores de 60 anos. Que sirva de exemplo aos demais órgãos públicos e privados prestadores de serviços."
Cristiane Brasil, secretária da Terceira Idade do Município do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ)

Resposta
"Considerando a carta de Maria Isabel Fonseca, secretária-adjunta de Administração de Guarulhos ("Painel do Leitor", 30/3), que incluía afirmação injuriosa e difamatória relativa a mim, segundo a qual "já foi preso por corrupção, quando exercia mandato popular em 1999", tenho a dizer o que se segue. A pauta da reportagem comentada pela secretária-adjunta era a investigação por suspeita de fraudes à legislação de licitações. Portanto aquela alusão foi completamente impertinente, inoportuna e agressiva, feita com o firme propósito de manchar meu nome, minha honra, minha imagem, minha dignidade. Não é verdade que tenha sido preso por corrupção. Naquela denúncia, houve a acusação de que terceiros, usando meu nome, pediam dois empregos. Tal denúncia foi rejeitada pelo juízo que determinou seu arquivamento. Estou no quinto mandato consecutivo na Câmara de Guarulhos, tendo iniciado o atual em 1º/ 1/2001, eleito com expressiva votação após tal equívoco e nefasto episódio."
Waldomiro Carlos Ramos, vereador (Guarulhos, SP)

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