São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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Fôlego para competir

A COTAÇÃO do dólar atingiu na quinta-feira o nível mais baixo desde março de 2001. No dia seguinte subiu, mas ainda assim fechou o mês em baixa de 2,8% sobre a cotação do final de fevereiro.
Se é cômoda para o controle da inflação, a baixa do dólar é preocupante para as perspectivas de vários ramos da economia, em particular a indústria de transformação. O desempenho recente desse setor foi pior do que o cálculo anterior do PIB sugeria.
A progressiva valorização do real é a maior responsável pelo fato de o crescimento da indústria de transformação, desde 2005, ter recuado para um ritmo pífio. Seria temerário dissociar essa perda de impulso da indústria da concomitante estagnação das taxas de desemprego, em níveis ainda relativamente altos.
Ao comentar em entrevista os novos números do PIB recalculados pelo IBGE, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reconheceu a existência do problema e acenou com a possibilidade de concessão de estímulos ao setor, dentre os quais poderia constar uma desoneração tributária.
Trata-se de sinalização positiva, pois sugere o reconhecimento por parte do ministro de que, além do câmbio, a carga tributária excessiva prejudica a competitividade da indústria -assim como, de resto, dos demais setores da economia. Indica também que o quadro de menor penúria fiscal anima as autoridades, ao menos no plano da retórica, a cogitar reduções de impostos.
Resta cobrar que das promessas se passe aos atos. Seria lamentável verificar-se, como nos anos recentes, grande parte dos substanciais ganhos de arrecadação serem dissipados por meio do aumento das despesas correntes do setor público.
Ao lado da redução de tributos, cabe cobrar a efetiva aceleração dos gastos públicos em infra-estrutura e das iniciativas voltadas a estimular os investimentos privados em geral.


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