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Fôlego para competir
A COTAÇÃO do dólar atingiu
na quinta-feira o nível
mais baixo desde março
de 2001. No dia seguinte subiu,
mas ainda assim fechou o mês
em baixa de 2,8% sobre a cotação
do final de fevereiro.
Se é cômoda para o controle da
inflação, a baixa do dólar é preocupante para as perspectivas de
vários ramos da economia, em
particular a indústria de transformação. O desempenho recente desse setor foi pior do que o
cálculo anterior do PIB sugeria.
A progressiva valorização do
real é a maior responsável pelo
fato de o crescimento da indústria de transformação, desde
2005, ter recuado para um ritmo
pífio. Seria temerário dissociar
essa perda de impulso da indústria da concomitante estagnação
das taxas de desemprego, em níveis ainda relativamente altos.
Ao comentar em entrevista os
novos números do PIB recalculados pelo IBGE, o ministro da
Fazenda, Guido Mantega, reconheceu a existência do problema
e acenou com a possibilidade de
concessão de estímulos ao setor,
dentre os quais poderia constar
uma desoneração tributária.
Trata-se de sinalização positiva, pois sugere o reconhecimento por parte do ministro de que,
além do câmbio, a carga tributária excessiva prejudica a competitividade da indústria -assim
como, de resto, dos demais setores da economia. Indica também
que o quadro de menor penúria
fiscal anima as autoridades, ao
menos no plano da retórica, a cogitar reduções de impostos.
Resta cobrar que das promessas se passe aos atos. Seria lamentável verificar-se, como nos
anos recentes, grande parte dos
substanciais ganhos de arrecadação serem dissipados por meio
do aumento das despesas correntes do setor público.
Ao lado da redução de tributos,
cabe cobrar a efetiva aceleração
dos gastos públicos em infra-estrutura e das iniciativas voltadas
a estimular os investimentos privados em geral.
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