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ELIANE CANTANHÊDE
O(a) último(a) apague a luz
BRASÍLIA - Quanto mais escândalos o Congresso produz, menor a
chance de renovação dos quadros
políticos. Quanto menos renovação, maior é a chance de escândalos.
E "la nave va" -para o fundo.
Um dos maiores problemas, entre tantos, é a dificuldade crescente
de atrair jovens bem intencionados,
professores consequentes e profissionais brilhantes para a atividade
parlamentar. Você conhece algum
que anda esfregando as mãos para
entrar na política? Duvido.
Do jeito que a coisa vai, o drama
imediato nem é atrair novos quadros, é segurar os poucos que já
chegaram. Como Manuela d'Ávila
(PC do B-RS), 27, a mais votada dos
31 deputados gaúchos e das 45 deputadas federais. Um arejamento
do Congresso e da política, não só
por ser mulher, jovem e bonita.
E como ela está? Com crise de
identidade parlamentar. Passa os
dias discutindo crise econômica e
vai dormir com o escândalo mais
fresco: agora, o da empresa fantasma do diretorzão do Senado. Dorme desencantada com a política,
acorda, lava a cara com água fria e
segue na arena. O lado positivo do
tsunami, segundo ela: "O povo sabe
cada vez mais das coisas e fiscaliza".
O negativo: "A generalização desmoraliza o Legislativo e afasta novos talentos". Ao passar pela foto do
professor Florestan Fernandes, numa comissão da Câmara, pensou:
"Onde estão os Florestan Fernandes? Por que não estão aqui?". Uma
das respostas óbvias: ninguém quer
se "misturar".
E por que nadar contra a corrente? Ela responde ostentando uma
vitória sua, quase um troféu: a lei do
estágio. "Tem dias em que a vontade de jogar a toalha é imensa. Em
outros, é muito gratificante saber
que a gente pode mobilizar, vencer,
aprovar um projeto de interesse da
sociedade." E racionaliza: "Se os
bons se omitem, os maus tomam
conta de vez". Se é que já não
tomaram...
Em resumo: resistir é preciso,
mas está difícil. Até quando?
elianec@uol.com.br
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