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DEPENDÊNCIA FINANCEIRA
As incertezas sobre o momento e o ritmo de elevação
nas taxas de juros dos Estados Unidos, sobre a intensidade da desaceleração da economia chinesa e sobre a
cotação do petróleo desencadearam
muita volatilidade no preço dos ativos, sobretudo naqueles de maior
risco, como os títulos emitidos pelos
países emergentes. O risco Brasil,
por exemplo, oscilou entre 662 e 805
pontos no mês de maio, o que dificulta a definição adequada do custo
de uma operação financeira, levando
ao adiamento das transações.
Nesse contexto, o volume de captações externas de empresas e bancos
brasileiros diminuiu. Entre janeiro e
maio, as emissões atingiram US$ 4,5
bilhões, uma queda de 32% em relação ao mesmo período de 2003. É
provável que essa tendência persista
neste mês de junho. Nesse ambiente,
em que os agentes econômicos buscam um novo patamar para os preços dos ativos, as captações com
maior possibilidade de êxito são as
chamadas "operações estruturadas".
Isto é, aquelas que envolvem algum
tipo de garantia por parte da empresa, como as receitas de exportação.
O total da dívida externa, que atingiu US$ 235 bilhões em fevereiro, a
maior parte com vencimento relativamente curto, implica amortizações
estimadas em US$ 53,6 bilhões durante este ano. Com o crescimento
das exportações, o superávit em conta corrente alcançou US$ 5,8 bilhões.
Acrescentando-se o investimento estrangeiro direto, de US$ 10,5 bilhões,
a necessidade de financiamento externo cai para US$ 37,3 bilhões em
2004 -um patamar ainda alto.
Apesar das turbulências, não parece provável uma mudança abrupta
no comportamento dos investidores
estrangeiros. O Brasil deverá continuar a captar recursos no exterior,
ainda que a um custo mais elevado.
Todavia, o país precisa encontrar formas para reduzir essa dependência
do mercado financeiro internacional, altamente volátil. Isso significa
gerar moeda forte mediante a expansão sustentada das exportações e
aperfeiçoar e ampliar as instituições
e os instrumentos de financiamento
do investimento e do consumo em
moeda doméstica.
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