São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2006 |
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CLÓVIS ROSSI De ouvidos no chão SÃO PAULO - Há um especialista
norte-americano chamado Stephen Roach, economista-chefe da
firma financeira Morgan Stanley,
que se notabilizou, especialmente
nos encontros anuais do Fórum
Econômico Mundial, em Davos,
por prever, ano após ano, uma baita
crise, sempre iminente.
Na primeira vez, fiquei impressionado, até porque o rapaz não fala
no vazio. Dispara 512 mil estatísticas para provar a infalibilidade de
suas previsões. Depois, continuei
ouvindo-o, mais divertido do que
preocupado.
Com esse antecedente (e há muitos outros), dá para ficar feliz da vida com a cautela com que estão se
comportando os economistas, talvez pela primeira vez, na atual fase
de turbulências globais (e locais).
Ninguém, pelo menos que eu tenha lido ou ouvido, se atreveu a cravar extremos como "é o começo do
fim do mundo" ou "é apenas marolinha, não vai longe".
Fica todo mundo -repito, entre
os que li ou ouvi- tateando, observando, colando o ouvido no chão,
como os índios de antigamente para tentar perceber se a manada está
vindo e de onde.
É saudável a cautela, até por revelar que economia não é ciência exata, bem ao contrário do que alguns
gurus gostam de vender a seus
clientes.
Bom também por mostrar, por
extensão, que a tal de blindagem da
economia brasileira, uma e outra
vez apregoada por sucessivos governantes, não existe. Não pode
existir. A modernidade causou de
fato profundas mudanças econômicas, mas não conseguiu, ainda, abolir os ciclos.
Pena que o ciclo de crescimento
da economia brasileira, que é nele
que o país está, tenha sido tão magro, do que dá prova mais uma vez o
índice de ontem.
Fica um gosto de 1 a 0 quando o
país precisava de goleada.
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