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ELIANE CANTANHÊDE
A força emergente
WASHINGTON - Qualquer um
que viaje aos EUA por um mês ou
uma semana comprova sem sombra de dúvida o avanço da população latina. Em Estados como Novo
México, Califórnia e Texas, pode-se
morar anos só falando espanhol. Na
Flórida, mal se ouve inglês.
E a evolução das manchas latinas
no mapa norte-americano confirma a realidade das ruas. O "core"
(coração) hispânico é basicamente
o surrupiado do México: a maior
parte da costa oeste e o sul. Depois,
vieram os "new" (novos) Estados
hispânicos, completando a costa
oeste e pulando para a leste. Chegou a vez dos 16 "emergentes", no
centro do país. E o cerco foi se fechando. Hoje, o mapa se inverteu:
mancha é onde a expansão latina
ainda não chegou.
São cidadãos nativos e herdados
do México junto com suas terras, ou
nasceram nos EUA descendentes
de imigrantes, ou, ainda, são imigrados. Têm ambições, interesses e
problemas bastante variados, mas
estatisticamente têm muito em comum: acotovelem-se nas grandes
cidades ou estejam dispersos pelo
interior, têm baixa renda, baixa escolaridade e baixo acesso ao seguro-saúde.
Esse universo, que triplicou desde 1980, mas continua na base da
pirâmide e com baixíssima representação política (30 parlamentares num total de 535), está se movimentando. Registra-se cada vez
mais para votar e sofre forte influência de organizações e estruturas paralelas de comunicação.
Bush percebeu o potencial eleitoral latino já em 2000, Hillary não
perdeu tempo e Obama já arranha
as primeiras palavras em espanhol.
Ele e McCain traçam seus roteiros
correndo atrás dos votos dos latinos, porque eles são 15% da população, 7% a 8% do eleitorado e não param de crescer.
Tamanho não é documento, mas
é fator político considerável em
boas e velhas democracias. Os latinos ainda não têm poder, mas são a
grande força emergente.
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