São Paulo, domingo, 01 de junho de 2008

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ELIANE CANTANHÊDE

A força emergente

WASHINGTON - Qualquer um que viaje aos EUA por um mês ou uma semana comprova sem sombra de dúvida o avanço da população latina. Em Estados como Novo México, Califórnia e Texas, pode-se morar anos só falando espanhol. Na Flórida, mal se ouve inglês.
E a evolução das manchas latinas no mapa norte-americano confirma a realidade das ruas. O "core" (coração) hispânico é basicamente o surrupiado do México: a maior parte da costa oeste e o sul. Depois, vieram os "new" (novos) Estados hispânicos, completando a costa oeste e pulando para a leste. Chegou a vez dos 16 "emergentes", no centro do país. E o cerco foi se fechando. Hoje, o mapa se inverteu: mancha é onde a expansão latina ainda não chegou.
São cidadãos nativos e herdados do México junto com suas terras, ou nasceram nos EUA descendentes de imigrantes, ou, ainda, são imigrados. Têm ambições, interesses e problemas bastante variados, mas estatisticamente têm muito em comum: acotovelem-se nas grandes cidades ou estejam dispersos pelo interior, têm baixa renda, baixa escolaridade e baixo acesso ao seguro-saúde.
Esse universo, que triplicou desde 1980, mas continua na base da pirâmide e com baixíssima representação política (30 parlamentares num total de 535), está se movimentando. Registra-se cada vez mais para votar e sofre forte influência de organizações e estruturas paralelas de comunicação.
Bush percebeu o potencial eleitoral latino já em 2000, Hillary não perdeu tempo e Obama já arranha as primeiras palavras em espanhol. Ele e McCain traçam seus roteiros correndo atrás dos votos dos latinos, porque eles são 15% da população, 7% a 8% do eleitorado e não param de crescer.
Tamanho não é documento, mas é fator político considerável em boas e velhas democracias. Os latinos ainda não têm poder, mas são a grande força emergente.


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