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Editoriais
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A vez dos profissionais
A BIENAL do Vazio, no ano
passado, e o risco de cancelamento da próxima
edição da mostra tornaram evidentes graves problemas administrativos, que, em maior ou
menor escala, também atingem
outras renomadas instituições
brasileiras de arte.
Fundada num passe de mecenato nos 50, a Bienal, como ocorreu de resto também com o
Masp, cresceu à sombra da figura
de seu criador. O modelo pouco
profissional se firmou, e entidades várias fizeram do voluntarismo o seu principal motor.
Há dois anos, São Paulo alardeou a transferência do Museu
de Arte Contemporânea (MAC)
-espalhado entre a USP e o prédio da Bienal- para o edifício do
Detran, ao lado do Ibirapuera.
Não há nem sinal de mudança.
Em exíguo espaço físico, o museu abriga a valiosa coleção doada à USP por Francisco Matarazzo Sobrinho. Em 2005, a Justiça
empurrou ao MAC parte da coleção de Edemar Cid Ferreira, condenado sob acusação de fraude e
formação de quadrilha.
Exemplos de imperícia pululam, magnificados por amadorismo e deficiência na política de
formação de acervo e de continuidade administrativa. Contidas em feudos, as entidades derrapam, à espera de resgate.
É impreterível buscar iniciativas que se apoiem na combinação certeira de mecenato e profissionalismo. No país, leis de renúncia fiscal facilitariam a empreitada, mas a cultura do "dono
da bola" dificulta a continuidade
sustentada de espaços e mostras.
A eleição do novo presidente
da Fundação Bienal é oportunidade para recolocá-la nos trilhos.
Sua importância no calendário
cultural do país não pode ser subestimada. A disposição do eleito, Heitor Martins, de profissionalizar a gestão deve ser apoiada
e acompanhada, para que velhos
erros não se repitam.
Bons resultados nesse caso decerto vão estimular outras entidades culturais na superação de
seus entraves administrativos.
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