São Paulo, quarta-feira, 01 de junho de 2011

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Corrupção na Fifa

A Fifa, entidade máxima do futebol, o esporte mais popular do planeta, atravessa um dos maiores escândalos de toda sua história de 107 anos.
O secretário-geral da federação, Jérôme Valcke, escreveu em um e-mail que o Qatar "comprou" o direito de sediar a Copa de 2022. Depois, disse apenas que usou uma linguagem "informal" para se referir ao poderio econômico do país árabe. Sobre a Rússia, anfitriã do evento em 2018, pairam suspeitas não menos desabonadoras.
Os relatos abundantes de corrupção em suas formas mais prosaicas -milhares de dólares em envelopes pardos, chantagem escancarada, tráfico de favores- para definir as sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022 explicitam que o mal da cartolagem corrompida não se resume ao Brasil. Tem, na realidade, alcance global.
Ao longo das últimas décadas, o futebol profissionalizou-se e tornou-se um negócio bilionário. As transações envolvendo as estrelas do esporte alcançam dezenas de milhões de dólares, assim como as negociações dos direitos de transmissão das partidas e as cotas de patrocínio. A final da última Copa, no ano passado, teve uma audiência global de estimados 800 milhões de espectadores.
No entanto as entidades que regulam o futebol, assim como a maior parte dos clubes, passaram ao largo dessa revolução. O amadorismo dos dirigentes, craques na defesa de seus próprios interesses, resvala para o nível do futebol de várzea. Recusam-se a adotar práticas comerciais adequadas ao tamanho dos negócios.
A despeito do escândalo, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, chefe e aliado do secretário-geral, deve ser eleito hoje sem dificuldades para o quarto mandato seguido. Ricardo Teixeira, no controle da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) desde 1989, é um dos principais candidatos para sucedê-lo, daqui a quatro anos.
Os preparativos para a próxima Copa, no Brasil, não passam incólumes pela turbulência que atinge a Fifa. O secretário-geral da entidade, no centro do escândalo, é o principal responsável por cobrar prazos e fiscalizar o cumprimento das exigências.
As obras patinam. Acumulam-se indícios de que muito dinheiro público vai escorrer pelo ralo. A situação delicada de Valcke só vem adicionar preocupações a um cenário já bastante conturbado.
A elite dirigente do futebol mantém-se com amplo domínio da partida, sem dar chance para contra-ataque. A plateia, milhões de apaixonados pelo futebol, só tem a perder com esse antijogo.


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