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NELSON MOTTA
Nacionalismo genital
RIO DE JANEIRO - Exploração sexual de menores é, além de uma covardia
hedionda, um crime a ser combatido
implacavelmente -e países civilizados o punem com o máximo rigor.
Mas, se dois adultos decidem livremente ter uma relação sexual paga, o
Estado não tem nada com isso.
No Brasil, ao contrário dos EUA, a
prostituição não é ilegal. Então por
que um grupo de americanos foi preso num barco cheio de mulheres na
baía de Guanabara mesmo sendo todas profissionais e maiores de idade?
Reserva de mercado sexual? Xenofobia genital? Combate ao turismo sexual? Por que combater o turismo sexual se os objetos de desejo dos visitantes são homens e mulheres adultos que fazem isso porque precisam
ou gostam? E, certamente, não estão
fazendo mal a ninguém, muito pelo
contrário. Então qual é o problema?
Seria... humm... moral? Qual delas? A
oficial? A petista? A católica? A evangélica? Mas o Estado e a igreja não estão separados há muito tempo?
"Eles vêm aqui comer as nossas
mulheres...", rosnam os machões nativos, fervendo de ressentimento, fingindo que não sabem que elas estão
loucas para se dar para os estrangeiros porque, afinal, vivem disso. É o
que lhes dá de comer. Os "nacionalistas sexuais" vêem esses turistas assanhados como violadores de suas
mães e irmãs, reagem ultrajados em
defesa de quem não quer ser defendido-quer só ganhar a vida alugando
seu corpo e vendendo ilusões, como
há milênios, em paz.
Pelo menos Fidel teve mais humor
ao reconhecer que milhares de universitárias estavam se prostituindo
em Cuba -um dos grandes destinos
turístico-sexuais de europeus e, oh
ironia, de americanos que furam o
"bloqueio" e viajam clandestinamente, atraídos pela liberdade sexual
cubana.
"Aqui em Cuba, a educação é tão
boa que até as putas são universitárias", safou-se o velho tirano, provocando gargalhadas. E lágrimas.
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