São Paulo, quarta-feira, 01 de julho de 2009

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Editoriais

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A derrota dos Kirchner

AS ELEIÇÕES legislativas na Argentina impuseram ao casal Kirchner sua maior derrota após pouco mais de seis anos no governo do país.
Sob a figura do ex-presidente Néstor Kirchner, o governo saiu como perdedor nos cinco maiores distritos, que somam 67,5% dos votos. A presidente Cristina Kirchner viu sua maioria se esvair no Congresso, agora dominado pela oposição. Néstor renunciou à liderança do Partido Justicialista após o fracasso.
O resultado concretiza o desgaste ininterrupto do casal desde a eleição de Cristina, em 2007. A classe média se afastou do governo ante os indícios de manipulação nas taxas oficiais de inflação. Em 2008, o confronto entre governo e ruralistas, em torno do aumento de tributos sobre as exportações de grãos, representou o ponto mais crítico para o casal desde a posse de Néstor.
A crise internacional acelerou o isolamento do governo e serviu como pretexto para o adiantamento casuísta das eleições em quatro meses. Não adiantou.
O principal vencedor do pleito foi a Unión-PRO, peronista como o partido dos Kirchner, mas de oposição ao casal. A coligação é encabeçada pelo empresário Francisco De Narváez, milionário nascido na Colômbia que busca brechas para lançar-se à Presidência em 2011 -a legislação não permite que estrangeiros naturalizados, como De Narváez, disputem o cargo.
Para os Kirchner, o desafio imediato é tentar prorrogar, antes da posse do Congresso oposicionista, a lei que dá superpoder fiscal ao Executivo -a faculdade de alterar a destinação de gastos prevista no Orçamento sem submeter a decisão ao Legislativo.
Das urnas surgem novos aspirantes de oposição à Casa Rosada. Além do empresário De Narváez, é o caso de Julio Cobos, vice-presidente que rompeu com os Kirchner no auge da crise agrícola. Também são cotados o senador Carlos Reutemann, ex-piloto de Fórmula 1, e Mauricio Macri, prefeito de Buenos Aires que emplacou seus candidatos em primeiro lugar na capital.
Essa dispersão de pretendentes indica que o casal Kirchner, ao menos por ora, perdeu o controle da sucessão.


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