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A derrota dos Kirchner
AS ELEIÇÕES legislativas na
Argentina impuseram ao
casal Kirchner sua maior
derrota após pouco mais de seis
anos no governo do país.
Sob a figura do ex-presidente
Néstor Kirchner, o governo saiu
como perdedor nos cinco maiores distritos, que somam 67,5%
dos votos. A presidente Cristina
Kirchner viu sua maioria se esvair no Congresso, agora dominado pela oposição. Néstor renunciou à liderança do Partido
Justicialista após o fracasso.
O resultado concretiza o desgaste ininterrupto do casal desde
a eleição de Cristina, em 2007. A
classe média se afastou do governo ante os indícios de manipulação nas taxas oficiais de inflação.
Em 2008, o confronto entre governo e ruralistas, em torno do
aumento de tributos sobre as exportações de grãos, representou
o ponto mais crítico para o casal
desde a posse de Néstor.
A crise internacional acelerou
o isolamento do governo e serviu
como pretexto para o adiantamento casuísta das eleições em
quatro meses. Não adiantou.
O principal vencedor do pleito
foi a Unión-PRO, peronista como o partido dos Kirchner, mas
de oposição ao casal. A coligação
é encabeçada pelo empresário
Francisco De Narváez, milionário nascido na Colômbia que
busca brechas para lançar-se à
Presidência em 2011 -a legislação não permite que estrangeiros naturalizados, como De Narváez, disputem o cargo.
Para os Kirchner, o desafio
imediato é tentar prorrogar, antes da posse do Congresso oposicionista, a lei que dá superpoder
fiscal ao Executivo -a faculdade
de alterar a destinação de gastos
prevista no Orçamento sem submeter a decisão ao Legislativo.
Das urnas surgem novos aspirantes de oposição à Casa Rosada. Além do empresário De Narváez, é o caso de Julio Cobos, vice-presidente que rompeu com
os Kirchner no auge da crise
agrícola. Também são cotados o
senador Carlos Reutemann, ex-piloto de Fórmula 1, e Mauricio
Macri, prefeito de Buenos Aires
que emplacou seus candidatos
em primeiro lugar na capital.
Essa dispersão de pretendentes indica que o casal Kirchner,
ao menos por ora, perdeu o controle da sucessão.
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