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São Paulo, sexta-feira, 01 de agosto de 2003

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ESPECULAÇÃO ALARMISTA

Esforçando-se para parecer confiável na condução da política econômica, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva está sendo compelido a tentar preservar sua autoridade política. Especula-se sobre a sua capacidade de manter a ordem e não se submeter a pressões.
Movimentos sociais radicalizam ações procurando explorar os laços históricos mantidos com o PT. Na frente política das reformas constitucionais, servidores desafiam o Planalto com greves para tentar conter as mudanças na Previdência ao mesmo tempo que governadores negociam apoios visando a ganhos fiscais para suas administrações.
Tendo como pano de fundo a forte retração econômica, que arregimenta insatisfações entre trabalhadores e setores do empresariado, os embates em curso têm propiciado interpretações alarmistas, em muitos casos com o interesse de apenas desgastar a imagem do governo.
Podem-se entender dessa forma as palavras do líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio, ao comparar a atual gestão à de João Goulart. Segundo o parlamentar, além de "fraco" como o de Jango, o governo de Lula seria "arrogante". O paralelo, que veladamente rememora o desfecho traumático de 1964, não parece ter propósito.
Não é preciso detalhar o contexto internacional da época, marcado pela Guerra Fria, tampouco as complexas mudanças por que passava a sociedade brasileira. É suficiente lembrar que João Goulart foi eleito pelo PTB para assumir a Vice-Presidência de um opositor político, Jânio Quadros, tendo recebido o país no transcorrer de uma de suas crises mais agudas, após a bombástica renúncia do primeiro mandatário.
Lula, diferentemente, foi eleito presidente com expressiva maioria, embasado em partido sólido, com ampla gama de apoios, em inequívoca demonstração de maturidade democrática e solidez das instituições.
O governo deve, sim, oferecer garantias de que manterá a lei e a ordem sem transigir com aventuras radicais. Ao mesmo tempo, é preciso ver com cautela tentativas levianas de dramatizar um cenário que, mesmo complicado, não sugere ruptura ou crise institucional.


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