|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mobilidade urbana
UMA PROPOSTA interessante
e outra inoportuna. Esse é
o balanço do anteprojeto
da Lei da Política de Mobilidade
Urbana, apresentado pelo Ministério das Cidades. O texto ainda deverá passar pela Casa Civil
antes de ser encaminhado para o
Congresso Nacional. Prevê-se
que entre em na pauta apenas na
próxima legislatura.
A idéia inconveniente é a regulamentação dos reajustes de tarifas de ônibus urbanos, que passariam a ser anuais e atrelados a
algum índice de inflação. No momento em que a economia brasileira finalmente começa a livrar-se dos perigos da indexação, o governo propõe aplicá-la a um preço tão importante como o transporte público. Não faz sentido.
O destaque positivo da proposta é a criação do marco regulatório que possibilitaria a municípios implantar o pedágio urbano.
Não se trata, evidentemente, de
uma política urbana a ser seguida por todas as cidades do país,
mas parece cada vez mais claro
que algumas metrópoles com
graves problemas de tráfego poderiam beneficiar-se da iniciativa. O fato de a medida estar prevista em lei federal, e não apenas
por normas municipais, a tornaria menos vulnerável a contestações no Poder Judiciário.
O caso mais gritante é o de São
Paulo. O município conta com
uma frota de mais de 5,5 milhões
de veículos, à qual ainda são
acrescentados, diariamente, entre 400 e 500 novos carros. É
uma situação que torna todas as
medidas adotadas em favor da
circulação nos últimos anos o
equivalente urbano de dedicar-se a enxugar gelo.
Uma abordagem mais inteligente do problema exige medidas radicais -e muitas vezes impopulares- que favoreçam o
transporte público e onerem os
que insistirem em utilizar carros
particulares. O pedágio urbano
pode ser uma resposta.
Se fosse necessário pagar para
circular de carro em determinadas áreas críticas da cidade, menos pessoas o fariam, beneficiando a fluidez do tráfego não só para os veículos particulares remanescentes como também para o
transporte público. Os recursos
auferidos com a cobrança poderiam ser usados para ajudar na
ampliação do metrô.
Texto Anterior: Editoriais: Acerto nos juros Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Cadê o espetáculo? Índice
|