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FERNANDO DE BARROS E SILVA
O outro neto
SÃO PAULO - Especula-se muito a
respeito do futuro político de Aécio
Neves. Presume-se que sairá da
eleição como senador e virtual líder
da oposição. Difícil saber qual será
sua disposição para assumir, e como, o papel de aglutinador do bloco derrotado por Dilma Rousseff.
Seja como for, o neto de Tancredo
Neves é presença certa em qualquer
lista de presidenciáveis para 2014.
Mas é bom começar a prestar
atenção em outro neto ilustre (e
também jeitoso) da política nacional -o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB). É certo
que o herdeiro de Miguel Arraes sairá das urnas maior do que entrou.
Com quase 70% das intenções de
voto, sua reeleição será um passeio.
Sua candidatura arrastou para si 15
partidos, o triplo do que tinha em
2006, quando derrotou o DEM no
segundo turno. Ontem, o jornal
"Valor Econômico" mostrou numa
extensa reportagem que a base de
apoio de Campos conta com várias
figuraças da velha direita, como
Inocêncio Oliveira (PR, ex-PFL),
Joaquim Francisco (PSB, ex-PFL),
Severino Cavalcanti (PP) etc. etc.
É com essa turma a tiracolo, e
apoiado por 14 dos 17 prefeitos tucanos no Estado, que o governador
vai "vingar" a derrota sofrida por
seu avô em 1998, quando também
tentava a reeleição contra o mesmo
Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Neto de Arraes, Eduardo Campos
sabe que deve seu voo à relação que
veio consolidando com Lula desde
que foi ministro de Ciência e Tecnologia, no primeiro mandato. Este
ano, à frente do PSB, foi decisivo
para esvaziar as fantasias presidenciais de Ciro Gomes. O líder do Nordeste em ascensão agora é ele.
Num cenário político que será
dominado (e disputado) por duas
grandes forças, PT e PMDB, Campos desponta no bloco governista
como uma terceira via emergente.
Isso não significa que será candidato em 2014. Hoje parece até mais
razoável que não seja. Aécio tem 50
anos; Campos, 45. Tem petista que
já o imagina como vice dos sonhos
para Lula daqui a quatro anos.
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