São Paulo, domingo, 01 de outubro de 2006

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CARLOS HEITOR CONY

Mais problemas do que votos

RIO DE JANEIRO - As últimas pesquisas indicam que Lula pode vencer no primeiro turno. Se confirmadas, ele levará para seu segundo mandato os milhões de votos dos brasileiros que ainda acreditam ou confiam nele. No entanto, por mais votos que leve, levará mais problemas e arapucas, que tornarão problemática a sua segunda gestão.
Foram muitas e consistentes as acusações contra a sua integridade pessoal e a integridade de seu governo. Acusações que não chegaram a ser desmentidas nem comprovadas definitivamente. Com isso, qualquer que seja a margem de sua vitória neste primeiro turno ou num possível segundo turno, ele não levará aquele patrimônio de esperança que marcou sua vitória na eleição passada.
Não será o Lula do paz e amor, mas um Lula numa guerra diária para provar que não roubou, que não sabia de nada, que foi traído pelos companheiros mais próximos.
É evidente que, em caso de vitória, ele apelará para a pacificação da seara política, para a concórdia universal e para a soma dos esforços que colocará o Brasil no pedestal que ele promete construir.
Há quatro anos, ele surgia como um messias desejado, desfraldando a bandeira da justiça social, com o programa Fome Zero, do pleno emprego e de outras quimeras que o alimentavam com o eleitorado.
A seu favor, e a despeito de seus erros estruturais, a economia nacional não desabou, os índices de crescimento, alguns discutíveis, marcaram seu primeiro governo com pontos positivos. Mas a avalanche de escândalos ficou sendo a referência principal de sua passagem pela Presidência da República.
Sua vitória não representa uma nova era como se esperava em 2002. Pelo contrário: será a continuação de crises e mais crises, jogando seu governo mais para o campo policial do que político.


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