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CARLOS HEITOR CONY
Mais problemas do que votos
RIO DE JANEIRO - As últimas
pesquisas indicam que Lula pode
vencer no primeiro turno. Se confirmadas, ele levará para seu segundo mandato os milhões de votos dos
brasileiros que ainda acreditam ou
confiam nele. No entanto, por mais
votos que leve, levará mais problemas e arapucas, que tornarão problemática a sua segunda gestão.
Foram muitas e consistentes as
acusações contra a sua integridade
pessoal e a integridade de seu governo. Acusações que não chegaram a ser desmentidas nem comprovadas definitivamente. Com isso, qualquer que seja a margem de
sua vitória neste primeiro turno ou
num possível segundo turno, ele
não levará aquele patrimônio de esperança que marcou sua vitória na
eleição passada.
Não será o Lula do paz e amor,
mas um Lula numa guerra diária
para provar que não roubou, que
não sabia de nada, que foi traído pelos companheiros mais próximos.
É evidente que, em caso de vitória, ele apelará para a pacificação da
seara política, para a concórdia universal e para a soma dos esforços
que colocará o Brasil no pedestal
que ele promete construir.
Há quatro anos, ele surgia como
um messias desejado, desfraldando
a bandeira da justiça social, com o
programa Fome Zero, do pleno emprego e de outras quimeras que o
alimentavam com o eleitorado.
A seu favor, e a despeito de seus
erros estruturais, a economia nacional não desabou, os índices de
crescimento, alguns discutíveis,
marcaram seu primeiro governo
com pontos positivos. Mas a avalanche de escândalos ficou sendo a
referência principal de sua passagem pela Presidência da República.
Sua vitória não representa uma
nova era como se esperava em
2002. Pelo contrário: será a continuação de crises e mais crises, jogando seu governo mais para o
campo policial do que político.
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