São Paulo, quinta-feira, 01 de outubro de 2009

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Olimpíada na capital fluminense é chance para cidade se aprimorar, mas é preciso fazer uso idôneo do dinheiro público

CAPITAL da Colônia, do Império e da República durante quase dois séculos, a cidade do Rio de Janeiro, por sua relevância histórica, política e cultural, por seus encantos naturais e pelo espírito crítico e otimista de seus habitantes, consagrou-se como uma espécie de símbolo do Brasil. E esse já seria um bom motivo para considerá-la a anfitriã ideal de uma Olimpíada a ser realizada em solo brasileiro.
Se amanhã, dia da escolha, o Comitê Olímpico Internacional apontar o dedo para o Pão de Açúcar, os brasileiros ganharão uma oportunidade de demonstrar para si mesmos e para o mundo que o país está à altura de seus novos desafios.
É recorrente o argumento de que, diante das persistentes carências sociais da sociedade brasileira, não seria oportuno organizar competições esportivas das dimensões de uma Copa do Mundo e de uma Olimpíada. Mas essas são situações perfeitamente compatíveis com uma nação do porte do Brasil, que ganha projeção internacional e desfruta hoje de estabilidade político-econômica.
Deixar de patrocinar espetáculos dessa natureza não trará, em contrapartida, investimentos e políticas públicas mais eficientes para enfrentar problemas sociais. Pelo contrário, a Copa de 2014 e a perspectiva de uma Olimpíada em 2016 podem servir de impulso para um esforço de desenvolvimento em áreas nas quais o Brasil precisa melhorar, como a estrutura de aeroportos e a segurança.
Têm toda a razão aqueles que identificam na preparação desses eventos o risco de uso irresponsável de dinheiro público. Como em outras áreas, também no esporte a corrupção é uma praga -e em se tratando de investimentos de vulto, toda vigilância será necessária.
A experiência dos Jogos Pan-Americanos de 2007 não deixou dúvida sobre a importância de submeter o cronograma de obras a um regime de transparência e prestação de contas. Seria inaceitável que se repetissem erros de planejamento e descontrole orçamentário.
A história dos Jogos Olímpicos modernos já evidenciou as potenciais vantagens de sua realização. Entre elas, incluem-se uma maior divulgação do país no plano internacional, o aumento do fluxo de visitantes e as melhorias materiais -da infraestrutura às instalações esportivas. A recuperação urbana de Barcelona para a Olimpíada de 1992 é o exemplo a ser emulado.
Nessa direção, a candidatura carioca acerta ao ver no patrocínio dos Jogos a chance de recuperar a cidade de um processo de degradação cujas marcas são visíveis na poluição ambiental, no crescimento das favelas e na violência urbana.
É com esse espírito que o Rio merece a simpatia e o apoio dos brasileiros para se tornar nossa primeira cidade olímpica.


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