|
Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Apoio ao Rio
Olimpíada na capital fluminense é chance para cidade se aprimorar, mas é preciso fazer uso idôneo do dinheiro público
CAPITAL da Colônia, do
Império e da República
durante quase dois séculos, a cidade do Rio de
Janeiro, por sua relevância histórica, política e cultural, por
seus encantos naturais e pelo espírito crítico e otimista de seus
habitantes, consagrou-se como
uma espécie de símbolo do Brasil. E esse já seria um bom motivo para considerá-la a anfitriã
ideal de uma Olimpíada a ser realizada em solo brasileiro.
Se amanhã, dia da escolha, o
Comitê Olímpico Internacional
apontar o dedo para o Pão de
Açúcar, os brasileiros ganharão
uma oportunidade de demonstrar para si mesmos e para o
mundo que o país está à altura de
seus novos desafios.
É recorrente o argumento de
que, diante das persistentes carências sociais da sociedade brasileira, não seria oportuno organizar competições esportivas
das dimensões de uma Copa do
Mundo e de uma Olimpíada. Mas
essas são situações perfeitamente compatíveis com uma nação
do porte do Brasil, que ganha
projeção internacional e desfruta hoje de estabilidade político-econômica.
Deixar de patrocinar espetáculos dessa natureza não trará, em
contrapartida, investimentos e
políticas públicas mais eficientes
para enfrentar problemas sociais. Pelo contrário, a Copa de
2014 e a perspectiva de uma
Olimpíada em 2016 podem servir de impulso para um esforço
de desenvolvimento em áreas
nas quais o Brasil precisa melhorar, como a estrutura de aeroportos e a segurança.
Têm toda a razão aqueles que
identificam na preparação desses eventos o risco de uso irresponsável de dinheiro público.
Como em outras áreas, também
no esporte a corrupção é uma
praga -e em se tratando de investimentos de vulto, toda vigilância será necessária.
A experiência dos Jogos Pan-Americanos de 2007 não deixou
dúvida sobre a importância de
submeter o cronograma de obras
a um regime de transparência e
prestação de contas. Seria inaceitável que se repetissem erros
de planejamento e descontrole
orçamentário.
A história dos Jogos Olímpicos
modernos já evidenciou as potenciais vantagens de sua realização. Entre elas, incluem-se
uma maior divulgação do país no
plano internacional, o aumento
do fluxo de visitantes e as melhorias materiais -da infraestrutura às instalações esportivas. A recuperação urbana de Barcelona
para a Olimpíada de 1992 é o
exemplo a ser emulado.
Nessa direção, a candidatura
carioca acerta ao ver no patrocínio dos Jogos a chance de recuperar a cidade de um processo de
degradação cujas marcas são visíveis na poluição ambiental, no
crescimento das favelas e na violência urbana.
É com esse espírito que o Rio
merece a simpatia e o apoio dos
brasileiros para se tornar nossa
primeira cidade olímpica.
Próximo Texto: Editoriais: Sem palanques
Índice
|