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INVESTIMENTO E INFLAÇÃO
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o nível de utilização da capacidade instalada das 1.224 empresas que a entidade pesquisou entre julho e setembro
subiu de 72% para 76%. Os indicadores de produção, faturamento e
quantidade de empregados atingiram níveis recordes.
Esse ritmo acelerado de crescimento da indústria brasileira vai recolocando em cena o debate sobre as
possíveis conexões entre o nível de
atividade da economia, a capacidade
produtiva instalada e o comportamento da taxa de inflação.
Para alguns, como os diretores do
Banco Central, o dinamismo da demanda acima da capacidade produtiva instalada implicaria pressões inflacionárias e merece ser tratado com
todas as cautelas. Caberia, então, à
política monetária controlar a demanda para conter os riscos de descumprimento das metas de inflação
estabelecidas pelo governo.
Para outros observadores, como o
professor do Instituto de Economia
da UFRJ, David Kupfer, os setores
com maiores taxas de ocupação da
capacidade produtiva, tais como metalurgia, material de transporte, farmacêutico e químico, seriam aqueles
que estão planejando novos investimentos. Todavia a tomada de decisão dos empresários na ampliação
dos seus negócios exige um ambiente de confiança no futuro e a disponibilidade de recursos financeiros,
com taxas de juros e prazos compatíveis com os projetos.
A política econômica, tanto em seu
aspecto fiscal, monetário e cambial,
tem um papel relevante nesse processo. Pode sancionar a expansão da
demanda e viabilizar um ciclo de investimento ou, ao contrário, criar
empecilhos.
As condições atuais da economia
brasileira pareciam propícias para
que se fizessem prognósticos positivos sobre o aumento da oferta. As
perspectivas de expansão da demanda doméstica, associadas ao crescimento das exportações industriais,
que atingiram, pela primeira vez,
mais de 20% da produção do setor
em 2003, poderiam desencadear um
círculo virtuoso de investimento. O
dinamismo das vendas para o exterior parece viabilizar a expansão interna sem prejuízo para a balança comercial e, por conseguinte, para as
contas externas.
Infelizmente, porém, os temores
de retomada da inflação nutridos pelos membros do Copom, que vem
optando por movimentos de alta na
taxa de juros de curto prazo, podem
deteriorar as condições requeridas
pelos empresários para realizar a desejada expansão dos investimentos.
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