São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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INVESTIMENTO E INFLAÇÃO

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o nível de utilização da capacidade instalada das 1.224 empresas que a entidade pesquisou entre julho e setembro subiu de 72% para 76%. Os indicadores de produção, faturamento e quantidade de empregados atingiram níveis recordes.
Esse ritmo acelerado de crescimento da indústria brasileira vai recolocando em cena o debate sobre as possíveis conexões entre o nível de atividade da economia, a capacidade produtiva instalada e o comportamento da taxa de inflação.
Para alguns, como os diretores do Banco Central, o dinamismo da demanda acima da capacidade produtiva instalada implicaria pressões inflacionárias e merece ser tratado com todas as cautelas. Caberia, então, à política monetária controlar a demanda para conter os riscos de descumprimento das metas de inflação estabelecidas pelo governo.
Para outros observadores, como o professor do Instituto de Economia da UFRJ, David Kupfer, os setores com maiores taxas de ocupação da capacidade produtiva, tais como metalurgia, material de transporte, farmacêutico e químico, seriam aqueles que estão planejando novos investimentos. Todavia a tomada de decisão dos empresários na ampliação dos seus negócios exige um ambiente de confiança no futuro e a disponibilidade de recursos financeiros, com taxas de juros e prazos compatíveis com os projetos.
A política econômica, tanto em seu aspecto fiscal, monetário e cambial, tem um papel relevante nesse processo. Pode sancionar a expansão da demanda e viabilizar um ciclo de investimento ou, ao contrário, criar empecilhos.
As condições atuais da economia brasileira pareciam propícias para que se fizessem prognósticos positivos sobre o aumento da oferta. As perspectivas de expansão da demanda doméstica, associadas ao crescimento das exportações industriais, que atingiram, pela primeira vez, mais de 20% da produção do setor em 2003, poderiam desencadear um círculo virtuoso de investimento. O dinamismo das vendas para o exterior parece viabilizar a expansão interna sem prejuízo para a balança comercial e, por conseguinte, para as contas externas.
Infelizmente, porém, os temores de retomada da inflação nutridos pelos membros do Copom, que vem optando por movimentos de alta na taxa de juros de curto prazo, podem deteriorar as condições requeridas pelos empresários para realizar a desejada expansão dos investimentos.


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