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O nó das licitações
O LOBBY das empreiteiras
conseguiu impor um revés ao interesse público
ao derrubar uma das principais
inovações do projeto de lei do governo que altera as regras das licitações. Pela proposta original,
as etapas do processo licitatório
seriam invertidas. A primeira fase passaria a ser a da tomada de
preços; só depois de definida a
melhor oferta é que se verificaria
se a empresa tem condições técnicas de executar o projeto.
Ao ampliar o número potencial
de concorrentes, a nova modalidade não só tenderia a produzir
melhores condições para o poder
público como também reduziria
o espaço para combinações entre
empresas, dirigismo nos editais e
outros tipos de fraude. Ademais,
por deixar para a fase final a análise da capacidade técnica, jurídica e financeira, reduziria a guerra de liminares judiciais travada
por empresas para tentar eliminar concorrentes, o que emperra
todo o processo.
Lamentavelmente, a Comissão
de Assuntos Econômicos do Senado, contrariando parecer do
relator, Eduardo Suplicy (PT-SP), aprovou a emenda de Francisco Dornelles (PP-RJ) que acaba com a inversão. Ficaram, é
verdade, outros aspectos positivos da proposta original, como a
adoção obrigatória do pregão
eletrônico em licitações de até
R$ 3,4 milhões e regras mais rígidas para os aditamentos, que
vêm se tornando uma forma de
burla legal aos contratos.
Como o texto -já aprovado pela Câmara dos Deputados- segue agora para o plenário do Senado, existe uma chance de a Casa derrubar a emenda de Dornelles. Está se esboçando uma
aliança virtuosa entre setores do
PT e do PSDB com vistas a restaurar a inversão de fases no processo licitatório. Espera-se que
ela frutifique. É preciso se cercar
de todos os cuidados para que licitações sirvam ao interesse público, e não para que garantam
polpudos lucros a grupos que se
servem do Estado.
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