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FERNANDO RODRIGUES
Previsibilidade
BRASíLIA - Uma característica
marcante e positiva da democracia
é a previsibilidade. Nessa métrica, o
Brasil está quase chegando lá
quando se trata de cargos no Poder
Executivo, em todos os níveis -prefeito, governador e presidente.
O round final da eleição de ontem entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) estava anunciado
há quase um ano. Ninguém duvidava que a disputa ficaria entre o PT e
o PSDB. Tem sido assim desde
1994, quando as eleições passaram
a ter regras mais ou menos estáveis.
O grau de previsibilidade tem sido alto. Apesar de serem respeitáveis algumas das ideias introduzidas na campanha por Marina Silva
(PV), sabia-se que sua candidatura
não seria viável nas urnas.
Dentro dos partidos também há
pouco espaço para surpresas. No
PSDB, a escolha ficou entre Aécio
Neves e Serra. No PT, Lula usou
seus cerca de 80% de popularidade
para nomear Dilma.
Essa lógica se repete nas grandes
cidades, capitais e governos estaduais. Basta olhar o que se passou
em São Paulo, Minas Gerais e Rio de
Janeiro nesta eleição. Os candidatos mais bem colocados (depois vitoriosos) já eram conhecidos há
meses por todos interessados.
Essa previsibilidade para cargos
no Executivo é boa para todos. Nos
anos 80 e 90, era comum a classe
média se esvair em elucubrações
sobre onde esconder suas economias nos períodos pré-eleitorais.
Hoje, ninguém nem pensa em tirar
o dinheiro do banco na véspera de
votações importantes.
A normalidade democrática só
não chegou ao Legislativo. Regras
esdrúxulas tornam pouco transparentes as disputas para o Congresso. O desafio dos próximos anos é
promover algum grau de previsibilidade também na escolha de congressistas. Uma cláusula de desempenho para os partidos e o fim das
alianças em eleições proporcionais
são opções objetivas para aperfeiçoar o modelo. São passos difíceis,
mas que precisam ser dados.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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