São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

Previsibilidade

BRASíLIA - Uma característica marcante e positiva da democracia é a previsibilidade. Nessa métrica, o Brasil está quase chegando lá quando se trata de cargos no Poder Executivo, em todos os níveis -prefeito, governador e presidente.
O round final da eleição de ontem entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) estava anunciado há quase um ano. Ninguém duvidava que a disputa ficaria entre o PT e o PSDB. Tem sido assim desde 1994, quando as eleições passaram a ter regras mais ou menos estáveis.
O grau de previsibilidade tem sido alto. Apesar de serem respeitáveis algumas das ideias introduzidas na campanha por Marina Silva (PV), sabia-se que sua candidatura não seria viável nas urnas.
Dentro dos partidos também há pouco espaço para surpresas. No PSDB, a escolha ficou entre Aécio Neves e Serra. No PT, Lula usou seus cerca de 80% de popularidade para nomear Dilma.
Essa lógica se repete nas grandes cidades, capitais e governos estaduais. Basta olhar o que se passou em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro nesta eleição. Os candidatos mais bem colocados (depois vitoriosos) já eram conhecidos há meses por todos interessados.
Essa previsibilidade para cargos no Executivo é boa para todos. Nos anos 80 e 90, era comum a classe média se esvair em elucubrações sobre onde esconder suas economias nos períodos pré-eleitorais. Hoje, ninguém nem pensa em tirar o dinheiro do banco na véspera de votações importantes.
A normalidade democrática só não chegou ao Legislativo. Regras esdrúxulas tornam pouco transparentes as disputas para o Congresso. O desafio dos próximos anos é promover algum grau de previsibilidade também na escolha de congressistas. Uma cláusula de desempenho para os partidos e o fim das alianças em eleições proporcionais são opções objetivas para aperfeiçoar o modelo. São passos difíceis, mas que precisam ser dados.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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