São Paulo, sábado, 01 de dezembro de 2007

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PAINEL DO LEITOR

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Minas Gerais
"Sobre o texto "Sócia de irmã de Aécio recebeu de Valério, diz PF" (Brasil, 28/11) e o subtítulo "Andrea Neves afirma que não há nada contra a acusada", solicito à Folha os seguintes esclarecimentos.
Não fiz a afirmativa atribuída a mim, uma vez que nunca conversei com o repórter. O contato ocorreu com a assessoria de imprensa do governo.
Considero ter sido injusto o tratamento de "acusada" dado à senhora Lídia Maria, uma vez que não há nenhuma denúncia contra ela. No relatório da Procuradoria Geral, ela é relacionada como testemunha. Não havia sociedade entre mim e a senhora Lídia Maria em 1998, ocasião em que ocorreram os fatos tratados na reportagem."
ANDREA NEVES DA CUNHA, presidente do Servas -Serviço Voluntário de Assistência Social (Belo Horizonte, MG)

"Sobre a reportagem "Sócia de irmã de Aécio recebeu de Valério, diz PF", a assessoria de imprensa do governo de Minas informa que a sociedade do governador Aécio Neves com sua irmã Andrea na empresa Taking Care foi estabelecida entre os anos de 2000 e 2003, portanto iniciada quatro anos depois do mencionado no texto.
O então deputado federal Aécio Neves substituiu o sócio Herval Braz, marido de Andrea, em razão do falecimento deste em 1999."
HUGO TEIXEIRA, superintendente de imprensa do governo de Minas Gerais (Belo Horizonte, MG)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".

Pará
"O excelente artigo de ontem do criminalista Roberto Delmanto Jr. ("Pará: Justiça perversa, omissão e crime", "Tendências/Debates') põe a nu a indiferença, no caso criminosa, para com os presos. Mas tal indiferença não é só das autoridades. É nossa também.
Embora não se possa desprezar a questão da responsabilização criminal das autoridades, é imperioso destacar que a barbárie só pode ocorrer porque há uma mentalidade reinante que, colocando a sujeira debaixo do tapete, consente com a colocação de seres humanos em situação de penúria.
A cadeia de Abaetetuba foi demolida, mas as presas foram transferidas para um presídio de Belém em situação calamitosa. Sofrem da mesma forma, apesar de não estarem presas com homens. Amontoam-se pessoas como coisas.
É como nos campos de concentração do nazismo, tudo ocorreu com um certo acumpliciamento das populações locais.
Nós todos, em alguma medida, somos responsáveis pelo evento do Pará e por outros tantos que ocorrem Brasil afora, porque não gritamos, não protestamos e elegemos governantes que varrem a sujeira para debaixo do tapete."
ALBERTO ZACHARIAS TORON, advogado, secretário-geral-adjunto do Conselho Federal da OAB (São Paulo, SP)

"Como juíza de direito que atuou durante vários anos na função de corregedora de presídios, permaneço com os pêlos do corpo arrepiados cada vez que reflito sobre o assunto discutido com clareza no artigo "Pará: Justiça perversa, omissão e crime". Durante oito anos, visitei semanalmente o presídio de Birigüi (SP) e lutei contra a perversidade das penas não-previstas, covardemente aplicadas e até aplaudidas.
Briguei com os agentes da Secretaria de Administração Penitenciária e impus à força o respeito aos direitos humanos. Registro que, por tentar fazer cumprir a lei, fui muito criticada à época, inclusive por autoridades."
JACIRA JACINTO DA SILVA, juíza de direito da terceira vara cível de Bragança Paulista (Bragança Paulista, SP)

FHC
"O erro da reportagem da Folha sobre o suposto erro de português de FHC continua dando filhotes.
Anteontem foi na coluna de Mônica Bergamo (Ilustrada). O curioso é que ela recorre ao professor Pasquale Cipro Neto para sustentar que FHC errou.
Pasquale escreveu na Folha de 25/11: "Na língua literária, não faltam registros de "melhor" como modificador de particípio. O "Aurélio" arrola exemplos de clássicos da literatura. O "Houaiss" diz que, "diante de um particípio, é vernáculo empregar "mais bem". Quando o particípio tem duas sílabas, não se ouve nem se lê algo como "o jogador melhor pago". Quando tem mais de duas sílabas, a oscilação é patente: ora se ouve/lê "a equipe mais bem treinada", ora se ouve/lê "a equipe melhor treinada". A língua formal moderna parece preferir a primeira construção, em que se entende o "mais" como modificador de todo o bloco "bem + particípio" ("O atleta mais bem remunerado'). FHC teria feito melhor se tivesse optado por "mais bem educados".
O professor fala de preferência, não de erro. E registra que, quando o particípio tem mais de duas sílabas, "a oscilação é patente", ou seja, ora se fala de um jeito, ora de outro: mais bem treinado ou melhor treinado. Ou, como no caso em pauta, melhor educado ou mais bem educado.
Quando tratou do mesmo assunto na Folha de 10/2/2000, ele citou Machado de Assis, apud "Aurélio': "...que ande ele melhor avisado na organização...". E observou, com uma pitada de ironia, que "Aurélio" preferiria que Machado de Assis tivesse escrito "mais bem avisado". Questão de preferência, de novo. (Eu em geral prefiro Machado).
O erro da Folha está em tratar em termos de acerto/erro o que é claramente uma questão de preferência, inclusive para o especialista da Folha. Erro talvez explicável pelo desejo tão humano de "dar uma lição no professor" (FHC, não Pasquale), como Mônica tentou fazer.
A razão da preferência, no contexto, pelo "melhor educado", está no duplo sentido de "mais bem-educado". Melhor uma polêmica sobre a língua do que ser mal interpretado e censurado por chamar os brasileiros de "mal-criados".
E o hífen? Dessa discussão FHC pelo menos está livre, porque ele falou, não escreveu.
"Houaiss", que eu consultei on-line pelo UOL, registra "bem-educado" com hífen nos dois sentidos: "1) que recebeu boa educação social; cortês, bem-criado, educado: 2) que recebeu boa educação escolar". Suponho que "bem educado" sem hífen também não esteja errado.
Quem se der ao trabalho de buscar na própria Folha vai achar a expressão com e sem hífen nos dois sentidos. E aí, vamos em frente?"
EDUARDO GRAEFF, ex-assessor especial da Presidência (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Leia sobre o assunto à página A7 da edição de hoje.

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