|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Mangabeira e a crise
BRASÍLIA - Quando os EUA sofreram o atentado do 11 de Setembro, deu-se uma rara união entre os
cidadãos norte-americanos. Estavam prontos para ajudar o país a
emergir novamente como líder no
século 21. Havia uma simpatia natural do restante do mundo. O império exalava uma inusitada fragilidade. A grande oportunidade foi
desperdiçada. A principal recomendação de George W. Bush foi para as
pessoas irem às compras enquanto
ele planejava sua guerra pessoal
contra Saddam Hussein.
Agora uma nova crise de natureza diferente atinge a imensa maioria dos países. Tudo o que Bush e
seu sucessor, Barack Obama, parecem ter para dizer é "comprem, não
parem de consumir, salvem o sistema". Lula, como um papagaio, faz a
mesma coisa por aqui.
Nem todos na Esplanada dos Ministérios pensam da mesma forma.
O ministro quase sem pasta Mangabeira Unger tem feito campanha interna para o Brasil adotar uma atitude mais ousada na abordagem
da crise financeira.
Ele preparou um documento no
qual classifica como insuficientes
as duas principais saídas até agora
adotadas pela maioria dos países: 1)
regular mais profundamente o
mercado financeiro mundial e 2) irrigar o sistema com dinheiro estatal, ação classificada pelo ministro
de "keynesianismo vulgar".
Para Mangabeira, o mundo tem
uma oportunidade única. Pode repensar como deve ser a relação do
setor financeiro com o produtivo. O
ministro defende, entre outras políticas, aprofundar o controverso uso
de bancos estatais para forçar o
mercado a financiar pequenos e
médios negócios. Enxerga o Brasil
com chance de liderar essa mudança em nível mundial.
O documento de Mangabeira está
com Lula. O petista ainda não emitiu sinal sobre o que achou. Tampouco está claro se o presidente se
deu ao trabalho de ler o texto.
frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Rogério Gentile: Irresponsabilidade mata Próximo Texto: Rio de Janeiro - Ruy Castro: Com todo o respeito Índice
|