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RUY CASTRO
Com todo o respeito
RIO DE JANEIRO - Os americanos, mesmo os que votaram em Barack Obama, estão assustados: o
presidente eleito não pode ver sua
mulher, Michelle -um pedaço de
morena, com todo o respeito-, sem
começar com as intimidades em
público. São beijos na boca, daqueles para valer, selinhos, roçar de narizes, mãos que se procuram e se
afagam, e já se flagrou até um tapinha no dérrière da futura primeira-dama -mais uma vez, com todo o
respeito.
Bem, esse é o estilo do novo casal
presidencial americano, pelo menos enquanto o taxímetro não começar a correr. E não lembra em
nada o do outro primeiro-casal com
quem eles vivem sendo comparados: John Kennedy e sua mulher,
Jacqueline. Na verdade, quando
Kennedy assumiu a Presidência,
em 1961, Jacqueline, resignada, foi
preparar seu quarto na outra ala da
Casa Branca -porque fazia anos
que já não eram vizinhos de fronha.
Uma linda primeira-dama não é
sinônimo de felicidade no casamento. Uma das realizações mais
notórias da administração Kennedy foi o mulherio que passou pelo
seu -também com todo o respeito- crivo, naqueles famosos mil
dias de governo. Os conservadores
falam em mil dias e mil mulheres. E
com todas as categorias representadas: estrelas de cinema (Marilyn, a
mais famosa), modelos, socialites,
jornalistas, piranhas e até belas brasileiras de visita.
Para alguns analistas americanos, seus compatriotas podem não
falar, mas atribuem o assanhamento explícito de Obama e Michelle ao
fato de eles serem negros. Você conhece o estereótipo: os negros são
alegres, musicais, elásticos, sensuais, bons de basquete e sapateado
e, como as crianças, se deixam levar
pelos instintos.
Provincianismo, puritanismo e
racismo. Difícil saber qual palavra
define melhor essa visão das coisas
-ou se as três.
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