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MARINA SILVA
Apressar o passo
NOVOS NÚMEROS da taxa
anual de desmatamento
apontam aumento de 3,8%
em relação a 2007, expressivamente menor do que as previsões. Estamos indo bem? Não, significa apenas que aprendemos a andar no rumo correto, mas precisamos apressar o passo. Afinal, são quase mais
12 mil km2 de floresta que se vão.
O alerta vermelho não pode ser
desligado.
O desmatamento vinha em forte
alta de 2001 a 2004. De 2004 a
2007, com o Plano de Combate ao
Desmatamento, a taxa caiu 57%.
No final de 2007, as pressões para
expansão da frente predatória e a
falta de ações para consolidar práticas produtivas sustentáveis impediram que a tendência de baixa
se mantivesse.
Para frear o repique e, ao mesmo
tempo, avançar no estabelecimento de um novo status no combate
ao desmatamento foram necessárias medidas administrativas e legais, tomadas pelo presidente Lula
a partir do final de 2007: proibição
de desmatamento nos 36 municípios com maior ilegalidade; recadastramento de propriedades e
responsabilização da cadeia produtiva; reforço à fiscalização do
Ibama, com apoio do Exército e da
Polícia Federal; resolução do Conselho Monetário Nacional proibindo empréstimos para produtores
em desacordo com as legislações
ambiental e fundiária.
Unindo-se a organizações da sociedade civil, Estados e municípios, pessoas do Ministério do
Meio Ambiente, da Polícia Federal, dos ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Fazenda, da Indústria e Comércio, da Defesa e da
Ciência e Tecnologia agigantaram-se para além de suas obrigações
funcionais no desmonte de quadrilhas, nas operações de fiscalização,
na mobilização para ações integradas, na criação do sistema de detecção em tempo real, na obtenção
da resolução do CMN.
O desmatamento aumentou,
mas não o quanto se temia. A curva
agora está descendente, ou seja, as
medidas acertaram em cheio. E é
preciso mantê-las, aperfeiçoá-las e
ampliá-las. O Plano de Combate
ao Desmatamento tem que atravessar o tempo de governos e interesses específicos e atingir o tempo
da nação.
Ainda há motivos para preocupações. A degradação provocada
pelo fogo foi excepcionalmente alta, e a movimentação intensa para
alterar o Código Florestal traz, por
parte de alguns, a intenção de flexibilizar perigosamente as regras.
É necessário não se deixar levar
por demandas pontuais, perdendo
o esforço feito até aqui. É como se
soltássemos a direção do carro à
beira do abismo. Só que neste carro está a maior biodiversidade do
planeta e todo o ganho econômico,
social e ambiental que ela, bem gerida, pode dar ao país.
contatomarinasilva@uol.com.br
MARINA SILVA escreve às segundas-feiras nesta
coluna.
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