São Paulo, segunda-feira, 02 de fevereiro de 2009 |
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Editoriais editoriais@uol.com.br Piora de cenário
O PRODUTO Interno Bruto dos EUA caiu 3,8% no último trimestre de 2008. Ainda que o declínio tenha sido menor do que o previsto, é a maior queda desde 1982 -o que apenas confirma o aprofundamento da crise. Essa taxa, que é anualizada, havia sido negativa em 0,5% no trimestre imediatamente anterior. De acordo com o relatório "Perspectivas da Economia Mundial", do Fundo Monetário Internacional, a economia global deverá crescer apenas 0,5% neste ano, o pior desempenho desde a Segunda Guerra. A perspectiva negativa atinge todo o mundo desenvolvido: EUA (-1,6%), zona do euro (-2%) e Japão (- 2,6%). Os países em desenvolvimento também deverão apresentar uma redução dramática na atividade econômica. Na média, estima o Fundo, os emergentes deverão expandir-se apenas 3,3% em 2009, contra 8,3% em 2007. Essa queda será liderada pela redução acentuada nas exportações, pela diminuição dos preços dos produtos agrícolas, dos metais e do petróleo e pela retração da oferta de crédito. Para o Brasil, o Fundo projetou um aumento do PIB de 1,8% em 2009, acima da média da América Latina (1,1%), mas bastante inferior aos 5,8% estimados para 2008. Em outro relatório -"Estabilidade Financeira Global"-, o Fundo Monetário Internacional toca em um tema-chave para esta fase da crise: a ameaça persistente no sistema financeiro internacional. Os ativos tóxicos -de elevado risco- continuam a se desvalorizar, deteriorando o balanço das instituições. O Fundo revisou sua estimativa para os prejuízos dos bancos em todo o mundo de US$ 1,4 trilhão para US$ 2,2 trilhões. A deterioração do ambiente econômico continua a impor novas perdas para os bancos internacionais. Com isso, persiste a aversão ao risco, o que realimenta um círculo pernicioso entre os mercados financeiros e a atividade econômica. Diante desse cenário, o Fundo sugere, corretamente, que uma recuperação econômica não será possível até que o setor financeiro tenha as suas funções restauradas e o mercado de crédito seja desobstruído. O FMI sugere iniciativas mais ousadas: o reconhecimento das perdas com crédito, a injeção de capital público e a remoção dos "ativos tóxicos". A forma de fazer essa limpeza permanece um problema em aberto, que precisará ser equacionado o quanto antes. Próximo Texto: Editoriais: Refúgio e extradição Índice |
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