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GRADUALISMO TRIBUTÁRIO
Se a proposta de uma reforma
dos tributos ampla soçobrou,
muitos propõem como alternativa a
via gradual de implementação de um
sistema mais eficaz. A via gradual é a
mesma que vem sendo adotada pelo
Executivo federal, que implementa,
de fato, uma reforma tributária que,
pelo aumento das contribuições sociais no bolo da arrecadação, vem garantindo sucessivos recordes nas
contas da Receita e elevando a carga
tributária e o quinhão que a União
não precisa compartilhar com Estados e municípios. Os efeitos colaterais dessa política são especialmente
danosos para quem produz e gera
empregos. E o caráter cumulativo
dessas contribuições -incidem
com a mesma força a cada etapa da
cadeia produtiva- está no centro
desse embaraço.
Em artigo no jornal "Valor", o ministro do Desenvolvimento, Sergio
Amaral, defendeu que a correção
desse efeito perverso da tributação
seja feita gradualmente. A idéia é retirar, em etapas, a cumulatividade de
contribuições sociais. Para operacionalizar a transição, o ministro propõe a criação de um sistema de compensação de créditos tributários mediante a sua transformação em títulos financeiros que seriam comercializados livremente no mercado.
A proposta, para Amaral, teria a
dupla vantagem de aproveitar a experiência brasileira de administrar impostos não-cumulativos a partir de
compensação de créditos tributários
e de permitir que o insumo importado seja onerado sem a necessidade
de uma nova emenda constitucional.
Haveria, portanto, uma indução à
substituição de importações.
Se seria preciso esmiuçar melhor a
proposta do ponto de vista técnico,
não há dúvidas de que é meritório o
propósito nela embutido. Ocorre
que o problema, como sempre acontece com a discussão tributária, é
também político. E o fato de o ministro do Desenvolvimento defender
seu ponto de vista publicamente antes de formalização de projeto de lei
pelo Executivo é sintomático da dificuldade que será enfrentar a reforma
tributária mesmo pela via gradual.
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