São Paulo, sexta-feira, 02 de março de 2007

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CLÓVIS ROSSI

O dinossauro e os chutes

SÃO PAULO - Não está entendendo a gangorra em que se transformaram as bolsas de valores no mundo todo?
Não se preocupe. Até a revista britânica "The Economist", que tem mais de cem anos de certezas absolutas sobre quase tudo, escreve o seguinte: "Considerando que ainda se debatem as razões para os "crashes" de 2000, 1987 e 1929, seria prematuro, para dizer o mínimo, atar demais os eventos desta semana a causas econômicas básicas".
É o seguinte: o mundo financeiro, faceta hegemônica hoje no capitalismo, ficou complicado demais para amadores. Na verdade, até para profissionais.
O diabo é que a quantidade de amadores dando "chutes" no Brasil é fenomenal, como mostrou ontem a página B6 desta Folha, revisitando as, digamos, previsões sobre o crescimento da economia.
O "chutador" mais exuberante foi o ministro Tarso Genro, que dizia estar "garantido" crescimento de 4,5% para 2006. Nem teve o cuidado de dizer "possível", "desejável". Não. Cravou "garantido". Um erro de 35%, já que o crescimento não passou de 2,9%. Quantos gerentes manteriam o emprego se cometessem um erro desse calibre? Tarso, no entanto, continua empregado, o que é perfeitamente compreensível: seu chefe "chutou" lá atrás (maio de 2003) o início iminente do "espetáculo do crescimento". Dá para acreditar no que diz esse pessoal?
Não é só o governo. O tal "mercado" só foi aproximar seu "chute" do gol em setembro, a três meses do fim do ano. E o fez para 3,2% de crescimento, ainda assim 0,3 ponto percentual longe da meta.
Se erram o "chute" no período mais favorável da economia mundial, trema só de pensar nos erros de que serão capazes se se confirmar que a sacudida da semana foi "o ronco do dinossauro", como diz a "Economist".


crossi@uol.com.br

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