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CLÓVIS ROSSI
O dinossauro e os chutes
SÃO PAULO - Não está entendendo a gangorra em que se transformaram as bolsas de valores no
mundo todo?
Não se preocupe. Até a revista
britânica "The Economist", que
tem mais de cem anos de certezas
absolutas sobre quase tudo, escreve
o seguinte: "Considerando que ainda se debatem as razões para os
"crashes" de 2000, 1987 e 1929, seria
prematuro, para dizer o mínimo,
atar demais os eventos desta semana a causas econômicas básicas".
É o seguinte: o mundo financeiro,
faceta hegemônica hoje no capitalismo, ficou complicado demais para amadores. Na verdade, até para
profissionais.
O diabo é que a quantidade de
amadores dando "chutes" no Brasil
é fenomenal, como mostrou ontem
a página B6 desta Folha, revisitando as, digamos, previsões sobre o
crescimento da economia.
O "chutador" mais exuberante
foi o ministro Tarso Genro, que dizia estar "garantido" crescimento
de 4,5% para 2006. Nem teve o cuidado de dizer "possível", "desejável". Não. Cravou "garantido". Um
erro de 35%, já que o crescimento
não passou de 2,9%. Quantos gerentes manteriam o emprego se cometessem um erro desse calibre?
Tarso, no entanto, continua empregado, o que é perfeitamente
compreensível: seu chefe "chutou"
lá atrás (maio de 2003) o início iminente do "espetáculo do crescimento". Dá para acreditar no que
diz esse pessoal?
Não é só o governo. O tal "mercado" só foi aproximar seu "chute" do
gol em setembro, a três meses do
fim do ano. E o fez para 3,2% de
crescimento, ainda assim 0,3 ponto
percentual longe da meta.
Se erram o "chute" no período
mais favorável da economia mundial, trema só de pensar nos erros
de que serão capazes se se confirmar que a sacudida da semana foi
"o ronco do dinossauro", como diz
a "Economist".
crossi@uol.com.br
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