|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Adaptar para sobreviver
NEM TODOS, no governo Lula, foram tomados de surpresa pelas previsões sobre aquecimento global do Painel Intergovernamental de Mudança Climática (IPCC), ligado à
ONU. Prova disso foi a divulgação, na terça, do estudo "Mudanças Climáticas Globais e seus
Efeitos sobre a Biodiversidade".
O documento havia sido encomendado em 2004 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
(Inpe), seu alerta precisa agora
produzir efeitos concretos em
outros prédios da Esplanada.
São preocupantes os impactos
no Brasil da elevação da temperatura global causada pela queima de combustíveis fósseis e pelo desmatamento. O relatório do
MMA prediz que, no país, esse
aumento pode alcançar 4C até
2100. No pior cenário, a Amazônia se aqueceria 8C, ameaçando
a sobrevivência de metade da floresta, e o semi-árido nordestino
poderia "aridizar-se" de vez.
No Sudeste, ainda que a previsão seja de aumento geral da precipitação, há risco de faltar água
para a agricultura. Tanto pode
mudar a distribuição sazonal das
chuvas quanto se dá como certo
que a temperatura mais alta diminua a disponibilidade hídrica,
com aumento da evaporação.
Num país que depende do agronegócio e sonha tornar-se a Arábia Saudita dos biocombustíveis,
dispara um sinal de alarme.
No lançamento do estudo, a
ministra Marina Silva propôs
adotar um plano nacional de
adaptação à mudança climática,
no que tem de previsível e inevitável. Independentemente das
convicções ambientalistas do governo, tal programa se impõe já
por razões pragmáticas.
A rigor, tal preocupação já deveria constar no PAC. A capacidade de articular aceleração do
crescimento com questões ambientais, contudo, ainda escapa
aos planejadores em Brasília.
Texto Anterior: Editoriais: Crescer não é risco Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: O dinossauro e os chutes Índice
|