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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Aécio: prós e contras
SÃO PAULO - Aécio Neves faz
questão de deixar claro que não
quer ser candidato a vice numa chapa com José Serra. Isso não significa, necessariamente, que não será.
Na política, a vontade e as circunstâncias vivem em permanente disputa. Não sabemos o que prevalecerá neste caso. Mas, qualquer que seja a escolha de Aécio, ela comporta
vantagens e desvantagens.
Quais seriam as razões para não
aceitar a vice? Ninguém desconhece que os tucanos terão uma campanha muito difícil. Fora da chapa,
Aécio evita o risco de ser sócio da
eventual derrota -ou até de um
fiasco histórico. Mais: se dissocia da
geração do PSDB que enfrenta agora a sua última grande batalha e fica
em condições de se apresentar no
dia seguinte como o nome capaz de
juntar os cacos da oposição. Seria
não o pós-Lula, mas o pós-Serra.
No entanto, se Aécio se ausentar
do jogo e Serra produzir, sem ele, o
milagre da vitória, este talvez seja o
pior desfecho para o mineiro.
E quais razões teria ele para aceitar o café com leite tucano? Aécio
seria sócio de uma hipotética vitória e não poderia ser crucificado por
uma eventual derrota. Receberia,
além disso, ao menos em tese, uma
boa fatia do poder conquistado.
Mas nada disso parece sensibilizar o governador. Ele tem reagido
aos apelos alegando que o efeito positivo de sua entrada como vice na
campanha seria apenas momentâneo e iria se diluir no processo, tendendo para a total irrelevância.
Os tucanos insistem porque, sem
"amarrar" Minas, o segundo maior
colégio eleitoral do país, suas chances ficarão muito escassas. Mas Aécio diz que tem condições de trabalhar melhor o eleitorado mineiro se
fincar os pés no Estado e concorrer
ao Senado, como pretende.
O que pode parecer um diálogo
de surdos é, na verdade, um sintoma de prioridades distintas. A de
Aécio é eleger o seu vice, Antonio
Anastasia. Ser derrotado em casa ao
cabo de oito anos para Hélio Costa
ou para o PT seria desastroso. De
certa forma, até pior do que ver o
sonho de Serra virar pesadelo.
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