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KENNETH MAXWELL
O grupo dos 20
O GRUPO dos 20 (G20) se reúne hoje em Londres. O objetivo é enfrentar a crise econômica mundial e oferecer uma
resposta coletiva a ela. Composto
por líderes dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, o grupo
representa cerca de 80% da economia mundial.
Muitos de seus integrantes se viram forçados a adotar medidas heterodoxas para mitigar o colapso
do comércio internacional e a perda de ativos, e alguns recuaram ao
protecionismo. As consequências
políticas, para eles e para nós, ainda estão por se revelar. A questão
preocupante é determinar se esses
líderes estão à altura da tarefa.
A conferência de cúpula de Londres será o primeiro grande conclave internacional de que Barack
Obama participará como presidente dos EUA. Ele será o novato. Mas
já demonstrou forte determinação
quanto ao estímulo econômico e
obteve sucesso em implementar
uma série de respostas políticas
inovadoras. O anfitrião, o primeiro-ministro Gordon Brown, também está injetando dinheiro no setor financeiro. Mas, como ministro
das Finanças, ele comandou os
anos de expansão da economia britânica e está sob pressão interna
no momento.
Os demais líderes europeus são
muito mais cautelosos. A resposta
dos britânicos e norte-americanos
à crise foi criticada severamente
pela chanceler alemã, Angela Merkel, que deixou claro que não haverá estímulo ao modo norte-americano em seu país. Porque a Alemanha continua a ser a principal economia da União Europeia, isso significa que a concordância quanto a
ideias é improvável. Os países da
Europa Oriental estão todos sofrendo severamente com a contração da atividade econômica e o alto
desemprego.
Os países em desenvolvimento
também estão divididos.
Os chineses recentemente expressaram preocupação sobre as
políticas norte-americanas e falaram sobre a necessidade de uma
nova moeda internacional que
substitua o dólar. Na Índia, os bancos estão em situação sólida, mas
os setores de exportação já estão
sofrendo. E o Brasil está enfrentando uma contração mundial no
comércio, que foi crítico para o seu
crescimento nos últimos anos.
Há outra preocupação. A indignação e a ira estão crescendo em
todo o mundo. Nos Estados Unidos, isso tomou a forma de ataques
populistas contra a cobiça dos banqueiros. As greves na França também são barômetros de resistência.
As manifestações de rua em Londres reforçam essas divisões.
Não será nada bom que a única
recordação do dia de hoje seja a de
líderes divididos e inseguros protegidos por barricadas contra a população furiosa.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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