São Paulo, quinta-feira, 02 de abril de 2009

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KENNETH MAXWELL

O grupo dos 20

O GRUPO dos 20 (G20) se reúne hoje em Londres. O objetivo é enfrentar a crise econômica mundial e oferecer uma resposta coletiva a ela. Composto por líderes dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, o grupo representa cerca de 80% da economia mundial.
Muitos de seus integrantes se viram forçados a adotar medidas heterodoxas para mitigar o colapso do comércio internacional e a perda de ativos, e alguns recuaram ao protecionismo. As consequências políticas, para eles e para nós, ainda estão por se revelar. A questão preocupante é determinar se esses líderes estão à altura da tarefa.
A conferência de cúpula de Londres será o primeiro grande conclave internacional de que Barack Obama participará como presidente dos EUA. Ele será o novato. Mas já demonstrou forte determinação quanto ao estímulo econômico e obteve sucesso em implementar uma série de respostas políticas inovadoras. O anfitrião, o primeiro-ministro Gordon Brown, também está injetando dinheiro no setor financeiro. Mas, como ministro das Finanças, ele comandou os anos de expansão da economia britânica e está sob pressão interna no momento.
Os demais líderes europeus são muito mais cautelosos. A resposta dos britânicos e norte-americanos à crise foi criticada severamente pela chanceler alemã, Angela Merkel, que deixou claro que não haverá estímulo ao modo norte-americano em seu país. Porque a Alemanha continua a ser a principal economia da União Europeia, isso significa que a concordância quanto a ideias é improvável. Os países da Europa Oriental estão todos sofrendo severamente com a contração da atividade econômica e o alto desemprego.
Os países em desenvolvimento também estão divididos. Os chineses recentemente expressaram preocupação sobre as políticas norte-americanas e falaram sobre a necessidade de uma nova moeda internacional que substitua o dólar. Na Índia, os bancos estão em situação sólida, mas os setores de exportação já estão sofrendo. E o Brasil está enfrentando uma contração mundial no comércio, que foi crítico para o seu crescimento nos últimos anos.
Há outra preocupação. A indignação e a ira estão crescendo em todo o mundo. Nos Estados Unidos, isso tomou a forma de ataques populistas contra a cobiça dos banqueiros. As greves na França também são barômetros de resistência.
As manifestações de rua em Londres reforçam essas divisões. Não será nada bom que a única recordação do dia de hoje seja a de líderes divididos e inseguros protegidos por barricadas contra a população furiosa.


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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