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São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2003

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ARROCHO NO CRÉDITO

Os juros de mercado subiram em março pelo sexto mês consecutivo. Segundo o Banco Central, a taxa média das operações de crédito atingiu 57,8% ao ano. A taxa média paga pelas empresas alcançou 37,9% ao ano e a das pessoas físicas, 87,3%. O aumento resultou da conjunção de três fatores: crescimento na taxa básica de juros e nos depósitos compulsórios promovidos pelo BC e no nível de inadimplência dos empréstimos. Em março, 8,7% dos créditos concedidos pelos bancos continham parcelas com pagamento atrasado em pelo menos 15 dias.
Identifica-se também um incremento no "spread" bancário (a diferença entre as taxas de captação e as cobradas pelos bancos às empresas e aos consumidores). O "spread" bancário médio aumentou um ponto percentual e atingiu 33% em março. Segundo o BC, o "spread" responde pelas despesas administrativas, pelos impostos diretos e indiretos, pela inadimplência e pela margem líquida de lucro dos bancos. A inadimplência representa 17% do "spread"; a margem líquida de lucro, 40%.
As condições creditícias prevalecentes na economia brasileira já bastante desfavoráveis, dadas as elevadas taxas de juros e os pequenos prazos de financiamento, ficaram ainda mais restritivas. O estoque dos empréstimos totais em relação ao PIB caiu de 24,3% em dezembro de 2002 para 23,7% em março de 2003.
A corrosão do poder de compra dos salários, associada com a alta da inflação, e a queda nas margens de lucros das corporações, decorrente da contração da demanda interna, podem desencadear um círculo vicioso, no qual o aumento da inadimplência levaria a novas elevações nos juros e assim sucessivamente.
Esses dados deveriam servir como alerta às autoridades para a necessidade de iniciar um movimento de alívio monetário. A queda nos juros básicos pode melhorar as condições de crédito de empresas e consumidores e estimular a retomada do crescimento econômico.


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