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ARROCHO NO CRÉDITO
Os juros de mercado subiram
em março pelo sexto mês consecutivo. Segundo o Banco Central, a
taxa média das operações de crédito
atingiu 57,8% ao ano. A taxa média
paga pelas empresas alcançou 37,9%
ao ano e a das pessoas físicas, 87,3%.
O aumento resultou da conjunção de
três fatores: crescimento na taxa básica de juros e nos depósitos compulsórios promovidos pelo BC e no
nível de inadimplência dos empréstimos. Em março, 8,7% dos créditos
concedidos pelos bancos continham
parcelas com pagamento atrasado
em pelo menos 15 dias.
Identifica-se também um incremento no "spread" bancário (a diferença entre as taxas de captação e as
cobradas pelos bancos às empresas e
aos consumidores). O "spread" bancário médio aumentou um ponto
percentual e atingiu 33% em março.
Segundo o BC, o "spread" responde
pelas despesas administrativas, pelos impostos diretos e indiretos, pela
inadimplência e pela margem líquida de lucro dos bancos. A inadimplência representa 17% do "spread";
a margem líquida de lucro, 40%.
As condições creditícias prevalecentes na economia brasileira já bastante desfavoráveis, dadas as elevadas taxas de juros e os pequenos prazos de financiamento, ficaram ainda
mais restritivas. O estoque dos empréstimos totais em relação ao PIB
caiu de 24,3% em dezembro de 2002
para 23,7% em março de 2003.
A corrosão do poder de compra
dos salários, associada com a alta da
inflação, e a queda nas margens de
lucros das corporações, decorrente
da contração da demanda interna,
podem desencadear um círculo vicioso, no qual o aumento da inadimplência levaria a novas elevações nos
juros e assim sucessivamente.
Esses dados deveriam servir como
alerta às autoridades para a necessidade de iniciar um movimento de alívio monetário. A queda nos juros básicos pode melhorar as condições de
crédito de empresas e consumidores
e estimular a retomada do crescimento econômico.
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