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MORATÓRIA NA SAÚDE
Merece apoio a campanha
lançada pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo
(Cremesp) que pede uma moratória
na abertura de novos cursos de medicina. São também interesses corporativos que motivam as ações do conselho. O surgimento de mais médicos no mercado tende a acirrar a concorrência e a depreciar os salários.
Mas, neste caso, não há como deixar
de reconhecer que as conveniências
da classe coincidem com as necessidades da sociedade.
O Brasil já tem mais médicos do
que o necessário. A Organização
Mundial da Saúde recomenda que
exista um médico para cada grupo de
mil habitantes. O país conta hoje
com um profissional para cada 606
pessoas. No Estado de São Paulo, o
índice cai para 443 e, na sua capital,
para 264. O problema está na distribuição geográfica dos médicos. Desequilíbrios se dão em nível nacional
(há carência de profissionais na região Norte, por exemplo) e local (faltam médicos inclusive nas periferias
da capital paulista). Hoje se formam
médicos no Estado de São Paulo
num ritmo duas vezes superior ao do
crescimento populacional.
Nos últimos anos, assistiu-se à
abertura desenfreada de novas escolas médicas, em parte devido ao poderoso lobby das universidades privadas. Só em 2002, o MEC autorizou
a abertura de oito novos cursos. Infelizmente, nem todas as instituições
se pautam pela excelência educacional. O resultado tem sido a formação
de maus profissionais, o que coloca
em risco a saúde da população.
Quando estão em jogo a formação
e a distribuição regional de médicos,
a intervenção do Estado é necessária,
seja para preservar a qualidade dos
cursos, seja para induzir um maior
equilíbrio na disposição dos profissionais de saúde.
A moratória proposta pelo Cremesp não pode, é claro, ser eterna.
Ela deve valer até que a lei fixe parâmetros de necessidade social e exigências qualitativas para a abertura
de novos cursos de medicina.
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