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São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2003

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CONJUNTURA INSTÁVEL

O Fundo Monetário Internacional, no relatório "World Economic Outlook" divulgado em abril, apresentou uma discussão sobre os impactos macroeconômicos e financeiros do desinflar de bolhas de ativos mobiliários (ações e outros ativos financeiros) e imobiliários (imóveis residenciais e comerciais) nos principais países industrializados.
O estudo concluiu que o esvaziamento de bolhas no mercado acionário costuma desencadear um declínio médio de 45% nas cotações durante dez trimestres. A perda de riqueza provoca contração nos gastos de consumo e de investimento, podendo resultar em uma recessão.
Já o murchar das bolhas de imóveis provoca uma queda nos preços de 30%. Porém o período é longo, em torno de 16 trimestres, e resulta em maiores perdas. Em média, estima o estudo, ocorre uma redução de 8% no PIB do país desde o momento de auge do ciclo de imóveis contra uma queda média de 4% no PIB no caso do desinflar de bolhas acionárias.
Portanto, a contração do mercado imobiliário costuma ter impactos mais severos do que uma abrupta queda nos preços das ações.
Dados divulgados pelo Departamento de Comércio dos EUA mostram que o setor de imóveis residenciais continuou em acelerada expansão no primeiro trimestre. O mercado imobiliário cresceu 12% sobre o quarto trimestre de 2002. Os preços dos imóveis são os mais altos dos últimos cinco anos nos EUA.
Desde 1999, a construção habitacional e a elevação nos preços dos imóveis acrescentaram US$ 3,2 trilhões ao patrimônio das famílias americanas, compensando parte das perdas ocorridas nos mercados acionários (US$ 4,9 trilhões). Mas reside aí um risco potencial para a economia mundial: se houver contração nos investimentos em novas residências e abrupta queda nos preços dos imóveis, poderá ocorrer nova desvalorização nas Bolsas de Valores globais, com repercussões nos níveis de consumo e de investimento e na solvência de alguns bancos nos principais mercados mundiais.


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