São Paulo, domingo, 02 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Democracia na marra
"É verdade, e justiça seja feita: a Folha foi o único amigo de primeira hora e tem o direito de se apresentar como o jornal das diretas na grande imprensa brasileira. E não há dúvida sobre o bem que fez ao país. Passados esses anos, gostaria de sugerir, em comemoração àquela efeméride, uma nova campanha, desta vez pelo voto facultativo. Acho essa proposta da maior relevância, não só para o aprofundamento do nosso debate político como para dar maior legitimidade ao processo de representação no que se supõe ser uma democracia. Todos ganham. Eu, por exemplo, não suporto mais ser democrata na marra. A rapaziada lá de cima vai ter de suar mais a camisa."
Antonio Claret (São Paulo, SP)

Índios
"Sobre a preconceituosa frase do deputado Alberto Fraga, do PTB-DF ("Hoje, índio no país é sinônimo de preguiça, ócio e obesidade", Brasil, 29/4/ 04), esclareço que a epidemia de obesidade que atinge os índios brasileiros se deve ao genótipo ou à hereditariedade selecionada por eles durante milênios para acumular energia como populações coletoras e caçadoras. Essa hereditariedade se tornou prejudicial na época atual -de dieta industrial de alimentos de absorção rápida-, o que os levou facilmente à obesidade, ao diabetes e às doenças cardiovasculares. Influíram também a não-seleção de genes protetores e a falta de projetos educacionais que os alertem sobre os riscos dessa alimentação. Ficam gordos facilmente pela hereditariedade, e não pelo ócio e pela preguiça. São vítimas das mudanças alimentares." João Paulo Botelho Vieira Filho, conselheiro da Comissão Pró-Índio de São
Paulo, médico e professor de endocrinologia, metabolismo e nutrição da Escola Paulista de Medicina (São Paulo, SP)

TV
"Brilhante o texto da psicóloga Dulce Critelli ("Fama sem Glória", Equilíbrio, 29/4) sobre o "BBB". Tenho certeza de que há muita gente neste Brasil que não agüenta mais esse tipo de programa, no qual desfilam vulgaridades, futilidades e o estímulo a intrigas e fofocas feitas por pessoas que nada podem acrescentar à formação de valores para nossa sociedade. E não vale dizer que o objetivo da TV é apenas entreter o povo."
Carlos Eduardo de Santi (Foz do Iguaçu, PR)

Carros
"A respeito da reportagem sobre o altíssimo número de automóveis sem licenciamento nas ruas do país ("Quase metade da frota de SP não é licenciada", Cotidiano, 28/4), penso que uma das razões para isso seja o valor absurdo que é cobrado no licenciamento. Acabo de pagar R$ 350 (sem multas) para licenciar um carro de passeio ano 93 que vale R$ 5.000, ou seja, 7% do valor do automóvel. Temo que, no futuro, tenha de vender o carro para pagar o licenciamento."
José Alves de Medeiros Filho (Belém, PA)

Vontades e interesses
"Em reportagem do caderno Dinheiro de 26/4 sobre a tributação de inativos ("Taxação de inativos preocupa todos, diz Palocci'), o ministro Palocci disse que espera que o STF faça "uma avaliação da questão do ponto de vista do interesse do Brasil como um todo, do interesse da estabilidade da Previdência". Sugiro então ao ministro Palocci que proponha a extinção do STF, uma vez que esse órgão máximo existe para fazer justiça, para julgar de acordo com a Constituição, com a legalidade, com independência e sem nenhuma interferência política, e não de acordo com a vontade de ministros ou do governo. Se o STF se curvar diante do governo Lula e julgar com base na politicagem (como gosta o governo do PT), é melhor, então, extingui-lo. Assim o governo economizaria dinheiro público."
Araceles Teresinha (Porto Feliz, SP)

Esquerda e direita cegas
"Finalmente alguém se pronunciou contra o esquerdismo cego de Noam Chomsky e de todos aqueles aclamados pela "Caros Amigos" e, ao mesmo tempo, contra a direita cega norte-americana de Bush e aliados ("Duas vozes do esquerdismo", Sinapse, pág. 20, 27/4). É preciso ter bom senso e argumentação para defender posições políticas, sejam quais forem, na boca de quem for."
Flávio Corrêa Ferreira (Brasília, DF)

Desemprego psicológico
"(...) Ao mesmo tempo, você tem um aumento na procura do emprego, o que faz com que o registro do desemprego seja para cima, seja elevado.' Finalmente as declarações do ministro Palocci puseram fim aos nossos medos e inseguranças. O índice do desemprego aumentou apenas porque mais brasileiros saíram às ruas procurando trabalho. Se todo mundo ficar em casa assistindo aos programas de violência da TV, o IBGE registrará desemprego zero. É muito simples. O desemprego atual é puramente psicológico."
Aldo de Cairo Antonio (São Paulo, SP)

Reféns
"Socorro! Infelizmente não tenho outra palavra para iniciar este desabafo depois de mais um duplo homicídio, ocorrido em 27/4 em uma favela na região da Capela do Socorro, na zona sul, que vem somar-se ao homicídio de domingo passado e a outros sete ocorridos entre o final de março e o início de abril. Já são dez homicídios em uma única área de 500 m2. A maioria deles ocorridos em plena luz do dia, na presença de moradores e, principalmente, na presença de crianças. Quem do poder público está preocupado com o fato de que pessoas idosas, crianças e pais e mães de família convivem com essa violência, vendo jovens atirando em jovens? Quem do poder público está preocupado com o fato de que esses jovens, tanto os que praticam como os que sofrem a violência, sejam reféns de uma educação sem qualidade, do desemprego, das drogas, da violência, da falta de cursos profissionalizantes e de áreas para esporte, cultura e lazer? Quem do poder público está preocupado com o fato de que nem direito a endereço essas famílias têm? Quem pode dar como endereço "beco da morte", "beco do sujinho", "beco do lixão", "beco do córrego" etc.? Enquanto escrevo, ouço tiros. Não demora e chega a notícia de mais um homicídio, o 11º nos mesmos 500 m2. E são 11h, não 23h."
Luiz Carlos dos Santos, dois irmãos assassinados, coordenador do movimento Atitude Pela Paz na Zona Sul (São Paulo, SP)

Livros
"Parabéns à Folha pelo texto "Autores criticam avaliação de livros didáticos" (Cotidiano, 27/4). Embora circule entre professores o fato de que a comissão que analisa livros didáticos de ciências comete equívocos, muitos professores desconhecem o problema. E é fato grave que esse problema permaneça por tanto tempo sem que nenhuma medida seja tomada. O coordenador da comissão, senhor Nélio Bizzo, não respondeu às críticas feitas. É triste e pobre o comentário que ele faz ao afirmar que os autores estão "bravos". Esse comentário, no lugar de uma resposta às críticas, faz parecer que não há respostas."
Vanessa Iório Soncini (São Paulo, SP)


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