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INSTRUÇÃO CASTIGADA
Esqueçam-se as homenagens
à falta de instrução vez ou outra
prestadas pelo presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Grave é a economia
brasileira estar levando o princípio à
prática. De 2002 para cá, os trabalhadores mais punidos com a perda do
poder de compra têm sido os que
mais anos de sua vida dedicaram aos
estudos. Tomando por bases esses
dados, pode restar a mensagem de
que instruir-se não é o caminho para
melhorar o padrão de vida.
Em média e descontada a inflação,
para cada R$ 100 que um trabalhador
brasileiro com pelo menos 11 anos
de estudo formal dispunha em março de 2002, restam-lhe hoje R$ 87,30.
Essa categoria, dos que concluíram
ao menos o ensino médio, foi a que
mais perdeu renda no quadriênio. A
pesquisa, do IBGE, avaliou as seis
principais regiões metropolitanas
-onde se concentram os postos de
trabalho mais qualificados.
O caso brasileiro é anômalo, como
qualificou o economista Marcio
Pochmann. Nações em franco desenvolvimento não só ampliam o
emprego qualificado como vão buscar cérebros no exterior, deslanchando uma acirrada competição global
por profissionais de elite. O resultado é a elevação -e não a queda, como ocorre no Brasil- dos salários
nessa fatia da população ocupada.
A Irlanda, por exemplo, nação européia cuja industrialização tem sido
acelerada nos últimos anos, por conta da necessidade de atrair mão-de-obra qualificada viu a proporção de
imigrantes em sua população passar
de 6,3% para 10,9% (aumento superior a 70%) de 1990 a 2000. A fatia dos
trabalhadores "importados" mais
escolarizados triplicou no período.
Mas o Brasil, se não mudar seu padrão de desenvolvimento, estará fadado a figurar com destaque na estatística dos exportadores de cérebros,
um índice de subdesenvolvimento.
Para evitar esse destino, não há saída
senão incentivar os investimentos
em atividades de ponta, lançando-se
-entre outras estratégias como a
melhora do ambiente geral para os
negócios- na competição global
pela instalação de novas plantas de
empresas multinacionais.
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