São Paulo, terça-feira, 02 de maio de 2006

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INOVAÇÃO NOS TRANSPLANTES

A Agência de Tecidos Humanos do Reino Unido, que regula transplantes no país, anunciou que vai flexibilizar as regras de doação a fim de ampliar a oferta de órgãos. A partir de 1º de setembro, serão admitidas as chamadas doações pareadas. Trata-se de um sistema engenhoso que pode reduzir o tempo de espera por rins e melhorar o prognóstico dos transplantados, ao elevar a proporção de enxertos retirados de doadores vivos, que tendem a funcionar melhor do que de cadáveres.
Para evitar o comércio de órgãos, diversos países só admitem doações "inter vivos" quando eles possuem parentesco biológico ou ligações emocionais. Por vezes, o paciente conta com um doador potencial com o qual não tem compatibilidade histológica. Na doação pareada, selecionam-se entre pares nessa situação dois para os quais haja compatibilidade cruzada entre doador e receptor, e a "troca" de doadores se dá.
Uma medida como essa poderia ser adotada no Brasil. Das 62 mil pessoas que aguardavam órgãos em maio do ano passado, quase a metade esperava por um rim.
Na doação pareada, não há perdedores. Dois pacientes que esperavam doadores cadavéricos ganham rins novos, o que em geral significa mais saúde e melhor qualidade de vida, e ainda saem da fila, abrindo espaço para os que não têm parentes dispostos a ceder um órgão. Também o Estado ganha. Deixa de arcar com os altos custos da hemodiálise, que renais crônicos precisam realizar de duas a quatro vezes por semana.
É claro que, antes de adotar um sistema com esse, o Ministério da Saúde precisa dar conta de tarefas ainda mais básicas, como providenciar uma comunicação minimamente eficaz entre as várias centrais estaduais e regionais de transplantes. Hoje, elas não se falam, o que leva ao desperdício de órgãos.


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