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INOVAÇÃO NOS TRANSPLANTES
A Agência de Tecidos Humanos do Reino Unido, que regula transplantes no país, anunciou
que vai flexibilizar as regras de doação a fim de ampliar a oferta de órgãos. A partir de 1º de setembro, serão admitidas as chamadas doações
pareadas. Trata-se de um sistema engenhoso que pode reduzir o tempo
de espera por rins e melhorar o prognóstico dos transplantados, ao elevar
a proporção de enxertos retirados de
doadores vivos, que tendem a funcionar melhor do que de cadáveres.
Para evitar o comércio de órgãos,
diversos países só admitem doações
"inter vivos" quando eles possuem
parentesco biológico ou ligações
emocionais. Por vezes, o paciente
conta com um doador potencial com
o qual não tem compatibilidade histológica. Na doação pareada, selecionam-se entre pares nessa situação
dois para os quais haja compatibilidade cruzada entre doador e receptor, e a "troca" de doadores se dá.
Uma medida como essa poderia
ser adotada no Brasil. Das 62 mil pessoas que aguardavam órgãos em
maio do ano passado, quase a metade esperava por um rim.
Na doação pareada, não há perdedores. Dois pacientes que esperavam
doadores cadavéricos ganham rins
novos, o que em geral significa mais
saúde e melhor qualidade de vida, e
ainda saem da fila, abrindo espaço
para os que não têm parentes dispostos a ceder um órgão. Também o Estado ganha. Deixa de arcar com os altos custos da hemodiálise, que renais
crônicos precisam realizar de duas a
quatro vezes por semana.
É claro que, antes de adotar um sistema com esse, o Ministério da Saúde precisa dar conta de tarefas ainda
mais básicas, como providenciar
uma comunicação minimamente
eficaz entre as várias centrais estaduais e regionais de transplantes.
Hoje, elas não se falam, o que leva ao
desperdício de órgãos.
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