|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MELCHIADES FILHO
Serra, serra, serrador
BRASÍLIA - José Serra manteve a
liderança isolada nas intenções de
voto para a Presidência e viu melhorar a avaliação de sua administração em São Paulo. Mesmo assim,
a mais recente pesquisa Datafolha
não chega a ser boa para o tucano.
Primeiro, a crise econômica (falta
de crédito, alta do desemprego, inadimplência crescente) não arranhou a imagem do governo federal.
A popularidade de Lula voltou ao
patamar recorde (69%). Portanto,
se o país sofrer outro abalo daqui
até 2010, nada garante que a oposição conseguirá capitalizá-lo.
Segundo, a candidata de Lula
confirmou o potencial. A desvantagem de Dilma Rousseff caiu de 30
para 22 pontos (38% x 16%). Deve
cair mais. Um terço dos entrevistados ainda não sabe quem é ela. A
campanha escancarada, com forró
em Caruaru etc., cuidará disso.
Terceiro, o Datafolha fragilizou
Aécio Neves -ele aparece atrás de
Ciro Gomes (PSB) e de Dilma e empatado com Heloísa Helena
(PSOL). Interessava aos serristas
turbinar o governador mineiro e
convencê-lo a compor uma chapa
puro sangue, e não o ver sair apequenado e focado em seu Estado.
Os tucanos otimistas dirão que
Serra está ainda recolhido, e que
por isso seus números são ótimos e
o futuro a ele pertence. Mas o que o
governador terá a oferecer quando
sair do recolhimento? Provavelmente menos do que o Planalto.
A expectativa de poder não basta
mais para atrair apoios. Os PMDBs
já deixaram claro que pretendem ficar com o candidato do governo
(sugando a máquina enquanto puderem), certos de que serão chamados para assegurar a "governabilidade" não importa o vencedor.
Por fim, o Datafolha complicou
até a "saída por cima". Será difícil
para Serra renunciar à corrida nacional alegando necessidade de garantir São Paulo para o PSDB. A
pesquisa revelou um PT débil no
Estado e, mais, que Geraldo Alckmin faria o mesmo serviço (no primeiro turno) para os tucanos.
melchiades.filho@grupofolha.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O futuro já não é o que era Próximo Texto: Rio de Janeiro - Luiz Fernando Vianna: Silêncio no Alemão Índice
|