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Recuo lamentável
PERDE A cidade de São Paulo
com a decisão do prefeito
Gilberto Kassab (PFL) de
enterrar o decreto que obriga entidades esportivas que ocupam
terrenos municipais a pagar aluguel aos cofres públicos. O recuo
-o diploma a ser anulado fora
assinado pelo tucano José Serra
em março- será oferecido como
moeda de troca a vereadores, que
na quarta-feira derrotaram os
interesses do Executivo na votação do orçamento de 2007.
A distorção tem origem no patrimonialismo imemorial com
que grupos bem posicionados na
sociedade se beneficiam de próprios do Estado. Contudo perdura por tempo além do tolerável
para uma democracia moderna e
republicana a prática, habitual,
de clubes de futebol, profissional
e amador, e outras associações
desportivas de se apropriar de
terrenos do município sem dar
nenhuma contrapartida à Prefeitura de São Paulo.
Com o objetivo de acabar com
a farra, o decreto de Serra obrigava clubes amadores a recolher
aos cofres municipais, todo ano,
1,5% do valor venal do terreno
que ocupam. A taxa estipulada
sobre as entidades profissionais
era mais alta (2,5%). Até um
quarto do aluguel poderia ser pago realizando obras ou oferecendo serviços à comunidade.
Se Kassab realmente anular o
decreto, decretará um retrocesso na relação entre clubes e prefeitura. A iniciativa de criar uma
comissão para estudar uma nova
forma de ressarcimento aos cofres públicos parece mais uma
tentativa de dourar a pílula diante dessa lamentável decisão.
É significativo que vereadores
tenham usado de chantagem
-constrangendo o Executivo na
peça orçamentária a fim de pressionar o prefeito a anular o decreto que taxa os clubes- para
manter privilégios extemporâneos. Deu-se a comunhão entre o
fisiologismo e patrimonialismo,
entre o atraso e o retrocesso.
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