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CACOFONIA TRIBUTÁRIA
A frustração política com o
Poder Executivo e com as lideranças partidárias no Congresso tem
no fracasso da reforma tributária um
de seus mais angustiantes exemplos.
Situação que somente piora quando
surgem propostas de remendos tributários, emendas que apenas tornam ainda maior a cacofonia que tomou conta dessa questão.
Soa como ruído, por exemplo, o
ministro Alcides Tápias, do Desenvolvimento, sugerir a isenção da cobrança de CPMF para os negócios
realizados na Bolsa de Valores.
Sendo ministro que aparentemente
tem sofrido diante do predomínio da
Fazenda, Tápias retorna a uma seara
que, como ex-executivo de banco,
lhe é familiar. O novo tema, no entanto, ganhou logo outro enquadramento com a divulgação, ontem, da
proposta de reforma tributária do
Executivo, em que a CPMF vira IMF,
ou seja, a contribuição torna-se imposto permanente.
Por enquanto, não se sabe se haverá exceções na cobrança do imposto.
O projeto prevê compensações, mas
o debate do tema foi postergado.
É verdade que a incidência da
CPMF gera custos de transação extremamente deletérios em mercados
onde há um número expressivo de
transações, caso das Bolsas. Daí a
pregar a isenção apenas nesse setor
vai uma longa distância.
O debate sobre esse e outros aspectos que parecem detalhe, mas têm
custos econômicos significativos, fica adiado pela apresentação de uma
proposta mais geral.
Resta saber se haverá algum consenso em torno do projeto. Buscar
uma reforma tributária ampla exige
enorme capacidade de mobilização
política. Não é por acaso que há mais
de cinco anos a reforma vem sendo
adiada e por muito tempo não esteve
nos planos do Executivo federal.
Entretanto, o governo colocou um
novo projeto para debate, o que é melhor do que nada. Com a apresentação de uma proposta em linhas mais
gerais, há pelo menos o mérito de
discutir o sistema, não remendos
que apenas ampliam a já insuportável cacofonia tributária brasileira.
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