São Paulo, sábado, 02 de agosto de 2008

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Editoriais

Desaquecimento americano

O RESULTADO preliminar do Produto Interno Bruto dos Estados Unidos veio abaixo do esperado pelos analistas. Projetava-se uma alta de 2,3%, impulsionada pelos novos estímulos fiscais do governo Bush. Segundo o Departamento do Comércio, porém, o PIB cresceu 1,9% no segundo trimestre.
Em decorrência da explosão da chamada "bolha imobiliária", com a inadimplência das hipotecas de alto risco e a retração do crédito, os investimentos residenciais apresentaram queda pelo décimo trimestre consecutivo. A trava nos empréstimos também resultou em retração do consumo de bens duráveis. Ainda assim, os gastos dos consumidores, que representam cerca de 70% do PIB dos EUA, contribuíram com 1,1 ponto percentual do avanço no segundo trimestre.
A novidade foi a participação do comércio exterior, o qual adicionou 2,4 pontos percentuais ao PIB. Sem essa contribuição, a maior economia do mundo teria dado marcha a ré.
Esse panorama de desaquecimento da atividade econômica americana preocupa os mercados financeiros globais, sobretudo quando se evidencia que a Europa e o Japão também fraquejam. Se a economia mundial realmente se desacelerar nos próximos meses, os EUA terão menor procura por suas exportações, e a ajuda fiscal da Casa Branca também será menos eficaz.
O temor de recessão se reforça com os dados do mercado de trabalho americano. Foram fechadas 51 mil vagas em julho e 463 mil no ano, segundo estatísticas oficiais. O desemprego subiu para 5,7% em julho.
A crise desencadeada pela debacle imobiliária por ora está confinada ao mundo rico, que começa a ser salvo da recessão pela demanda aquecida em países como China, Índia e Brasil. A inflação e os juros em alta, no entanto, ameaçam a continuidade desse curioso e raro cenário.


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