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PAINEL DO LEITOR
O presidenciável e a mulher
"Ao afirmar que o "papel fundamental"
de Patrícia Pillar na sua campanha é o de
"dormir" com ele, Ciro Gomes constrange publicamente a companheira que o
apóia incondicionalmente e revela com
nitidez o seu olhar estreito, nada respeitoso e arrogante sobre o feminino. Após
tantas lutas e dificuldades, as mulheres
estão construindo outros papéis na sociedade. É inaceitável, mesmo como gracinha ou "brincadeirinha", que um candidato à Presidência manifeste tamanha
falta de compostura."
Maria Edith Obando Bevilaqua
(São Paulo, SP)
"A oposição sórdida, no vale-tudo
contra Ciro Gomes, pretendeu explorar
a declaração de Ciro, que, ao lado de Patrícia Pillar, disse dormir à noite com sua
leal companheira, de quem recebe grandes incentivos para enfrentar aqueles
que, ao contrário, se entregam a longas
noitadas, fartamente regadas a álcool,
nos braços de mulheres que nada lhes
transmitem a não ser o fugaz e mercenário prazer extraconjugal."
Ricardo Veronesi (São Paulo, SP)
Cigarro para os outros
"Deixem-me ver se eu entendi. O candidato José Serra é contra o vício do cigarro, mas apóia a produção e a exportação do fumo ("Serra defende produtores
de fumo no RS", Eleições, pág E5, 31/8).
Então, por analogia, ele é contra o vício
de drogas, mas apóia a produção e a "exportação" das mesmas?"
Heloisa Helena Salgado Küpper (Espírito
Santo do Pinhal, SP)
As decisões da corte
"Não sou eleitor do Ciro Gomes nem
do Serra. Feita a ressalva, manifesto minha desconfiança quanto à imparcialidade do Tribunal Superior Eleitoral. Ciro
Gomes vem sendo atacado por José Serra na propaganda eleitoral diária, e o TSE
nega conceder-lhe direito de resposta,
pois entende que se trata de algo verídico
e veiculado legitimamente. Leio que o
TSE concederá direito de resposta a Serra no programa de Ciro porque o programa deste último, que se segue ao de
seu agressor, começa dizendo algo como
"agora acabaram os golpes baixos". Então
é assim: quando o Serra ataca alguém, o
TSE considera legítimo. Quando alguém
se defende do Serra, o TSE considera ilegítimo. Esses doutíssimos juízes que gerenciam o processo eleitoral são mesmo
imparciais?"
Lázaro Curvêlo Chaves
(São José do Rio Pardo, SP)
Assunto esquecido
"Propostas internas são discutidas entre os presidenciáveis. Todos se mostram
comprometidos com o emprego, a segurança e a economia. Mas é preocupante
ver que nenhum dos quatro se manifeste
a respeito da Alca, como se o assunto não
fosse de extrema relevância para o próximo governo. Temo ter de votar em alguém cuja posição a respeito ignoro. A
Alca não é discutida por desinteresse ou
por que não é assunto para ser aberto ao
público?"
Taís Fernandes Laporta (São Paulo, SP)
Fome, desnutrição
"O presidente da República, na Câmara Americana de Comércio de São Paulo,
disse: "Pode haver má nutrição, mas
morrer de fome passam a ser casos mais
marginais. E eu não acho que seja bom
para o país manipular demagogicamente cifras que assustam". O presidente não
sabe que a má nutrição é uma rota cruel
que leva inexoravelmente à fome e esta à
morte. Significa uma morte lenta, que,
além da destruição física, arrasa a própria dignidade do ser humano. Demagógico é ficar o presidente usando esses artifícios de raciocínio para pretender justificar o injustificável."
Aloísio J. Antunes Faculdade de
Engenharia de Alimentos da Unicamp
(Campinas, SP)
Saúde expressa
"O governador Geraldo Alckmin afirma que, se eleito, pretende levar para a
saúde o padrão Poupatempo. Se ele está
se referindo ao exame de renovação da
Carteira Nacional de Habilitação, em
que os exames oftalmológico, otorrinolaringológico, neurológico, cardiorrespiratório e do aparelho locomotor exigidos
por lei, chegam a ser feitos em até três
minutos, aí então vai ficar muito melhor,
principalmente para os médicos plantonistas. A população está realmente muito satisfeita com o Poupatempo, já as vítimas de trânsito, nem tanto."
Hermínio Silva Júnior (São Paulo, SP)
Mercado todo-poderoso
"A charge de Jean publicada na edição
de 31 de agosto ("Mercado todo-poderoso, pág. A2) poderia relacionar os fatos
atuais com outros fatos históricos, e não
com os fatos bíblicos, como fez o chargista. Estou ciente da liberdade de expressão, porém, como leitor da Folha, quero
manifestar o meu repúdio à charge."
José Alexandre Nascimento (Taubaté, SP)
"A Folha tem um grupo de chargistas
de primeira. Mas a charge de Jean da página A2 de sábado (31/8) é demais! Parabéns por se superar."
Luís Carlos Carneiro (Mauá, SP)
Alheio ao estatuto
"Assisti a "Cidade de Deus" e achei um
absurdo o filme ter feito denúncia de
uma realidade desrespeitando o Estatuto
da Criança e do Adolescente. É revoltante ver cenas nas quais se utilizam crianças indefesas usando armas e até tendo
que matar uma criança brutalmente. Alguém poderia dizer: "Mas essa é a realidade daquele lugar". Então, se fosse para
denunciar estupros sofridos por crianças
e adolescentes, teria que haver cenas de
tais acontecimentos, inclusive com a utilização de menores?"
José Carlos Barreto (Mirante do
Paranapanema, SP)
Os donos do mundo
"Na iminência de viajar, em férias, para
a Turquia, um dos berços de nossa civilização, vejo-me na obrigação de, além de
consultar os deuses e os oráculos, pedir
conselho a mr. Bush sobre a data em que
pretende coalhar os céus daquela região
com mísseis. Aliás, ando com o pescoço
doendo de tanto olhar para as tabuletas
de câmbio, manipuladas por mr. Soros.
Até quando aqueles que se julgam donos
do planeta continuarão a nos tratar como uma peça de um jogo sujo?"
Antonio Clarét Maciel dos Santos
(São Paulo, SP)
Editoriais
"O editorial "Medida afirmativa" (Opinião, pág. A2, 29/8) criticou a política de
cotas em universidades públicas para
negros e para alunos da escola pública.
Ao mesmo tempo elogiou política que
propicia a essa mesma clientela preparar-se em cursinhos. A política de reserva de vagas é mais promissora. Três ou
quatro gerações que recebam esse benefício engrossarão consideravelmente essa clientela, permitindo, então, no futuro, que negros e "públicos" disputem vagas em pé de igualdade. E não apenas
nas universidades, mas também em
concursos públicos. Já a oferta de complementação do aprendizado recebido
na escola pública obrigará a que o jovem
repita parte dos três anos de ensino médio que já cursou, retardando seu ingresso na vida produtiva."
Santo Jose Soares (Catanduva, SP)
"Acefalia global" (Opinião, pág. A2,
31/8) foi um dos melhores editoriais da
Folha deste ano. Do mesmo modo que
em Johannesburgo se propõem "cotas"
de PIB dos países ricos para auxiliar os
pobres nas questões ambientais, na área
da saúde a OMS faz o mesmo, com apoio
de respeitáveis universidades americanas, pedindo aumento de cinco vezes na
ajuda dos ricos para os pobres. Mas os
EUA, para variar, se opõem e, em primeiro lugar, querem a tal "lição de casa"
(plano de metas, evitar corrupção etc).
Como uma coisa é impossível sem a outra, fica-se no mesmo lugar."
Celio Levyman médico (São Paulo, SP)
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