São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

O presidenciável e a mulher
"Ao afirmar que o "papel fundamental" de Patrícia Pillar na sua campanha é o de "dormir" com ele, Ciro Gomes constrange publicamente a companheira que o apóia incondicionalmente e revela com nitidez o seu olhar estreito, nada respeitoso e arrogante sobre o feminino. Após tantas lutas e dificuldades, as mulheres estão construindo outros papéis na sociedade. É inaceitável, mesmo como gracinha ou "brincadeirinha", que um candidato à Presidência manifeste tamanha falta de compostura."
Maria Edith Obando Bevilaqua (São Paulo, SP)

"A oposição sórdida, no vale-tudo contra Ciro Gomes, pretendeu explorar a declaração de Ciro, que, ao lado de Patrícia Pillar, disse dormir à noite com sua leal companheira, de quem recebe grandes incentivos para enfrentar aqueles que, ao contrário, se entregam a longas noitadas, fartamente regadas a álcool, nos braços de mulheres que nada lhes transmitem a não ser o fugaz e mercenário prazer extraconjugal."
Ricardo Veronesi (São Paulo, SP)


Cigarro para os outros
"Deixem-me ver se eu entendi. O candidato José Serra é contra o vício do cigarro, mas apóia a produção e a exportação do fumo ("Serra defende produtores de fumo no RS", Eleições, pág E5, 31/8). Então, por analogia, ele é contra o vício de drogas, mas apóia a produção e a "exportação" das mesmas?"
Heloisa Helena Salgado Küpper (Espírito Santo do Pinhal, SP)


As decisões da corte
"Não sou eleitor do Ciro Gomes nem do Serra. Feita a ressalva, manifesto minha desconfiança quanto à imparcialidade do Tribunal Superior Eleitoral. Ciro Gomes vem sendo atacado por José Serra na propaganda eleitoral diária, e o TSE nega conceder-lhe direito de resposta, pois entende que se trata de algo verídico e veiculado legitimamente. Leio que o TSE concederá direito de resposta a Serra no programa de Ciro porque o programa deste último, que se segue ao de seu agressor, começa dizendo algo como "agora acabaram os golpes baixos". Então é assim: quando o Serra ataca alguém, o TSE considera legítimo. Quando alguém se defende do Serra, o TSE considera ilegítimo. Esses doutíssimos juízes que gerenciam o processo eleitoral são mesmo imparciais?"
Lázaro Curvêlo Chaves (São José do Rio Pardo, SP)


Assunto esquecido
"Propostas internas são discutidas entre os presidenciáveis. Todos se mostram comprometidos com o emprego, a segurança e a economia. Mas é preocupante ver que nenhum dos quatro se manifeste a respeito da Alca, como se o assunto não fosse de extrema relevância para o próximo governo. Temo ter de votar em alguém cuja posição a respeito ignoro. A Alca não é discutida por desinteresse ou por que não é assunto para ser aberto ao público?"
Taís Fernandes Laporta (São Paulo, SP)


Fome, desnutrição
"O presidente da República, na Câmara Americana de Comércio de São Paulo, disse: "Pode haver má nutrição, mas morrer de fome passam a ser casos mais marginais. E eu não acho que seja bom para o país manipular demagogicamente cifras que assustam". O presidente não sabe que a má nutrição é uma rota cruel que leva inexoravelmente à fome e esta à morte. Significa uma morte lenta, que, além da destruição física, arrasa a própria dignidade do ser humano. Demagógico é ficar o presidente usando esses artifícios de raciocínio para pretender justificar o injustificável."
Aloísio J. Antunes Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp (Campinas, SP)


Saúde expressa
"O governador Geraldo Alckmin afirma que, se eleito, pretende levar para a saúde o padrão Poupatempo. Se ele está se referindo ao exame de renovação da Carteira Nacional de Habilitação, em que os exames oftalmológico, otorrinolaringológico, neurológico, cardiorrespiratório e do aparelho locomotor exigidos por lei, chegam a ser feitos em até três minutos, aí então vai ficar muito melhor, principalmente para os médicos plantonistas. A população está realmente muito satisfeita com o Poupatempo, já as vítimas de trânsito, nem tanto."
Hermínio Silva Júnior (São Paulo, SP)


Mercado todo-poderoso
"A charge de Jean publicada na edição de 31 de agosto ("Mercado todo-poderoso, pág. A2) poderia relacionar os fatos atuais com outros fatos históricos, e não com os fatos bíblicos, como fez o chargista. Estou ciente da liberdade de expressão, porém, como leitor da Folha, quero manifestar o meu repúdio à charge."
José Alexandre Nascimento (Taubaté, SP)

"A Folha tem um grupo de chargistas de primeira. Mas a charge de Jean da página A2 de sábado (31/8) é demais! Parabéns por se superar."
Luís Carlos Carneiro (Mauá, SP)


Alheio ao estatuto
"Assisti a "Cidade de Deus" e achei um absurdo o filme ter feito denúncia de uma realidade desrespeitando o Estatuto da Criança e do Adolescente. É revoltante ver cenas nas quais se utilizam crianças indefesas usando armas e até tendo que matar uma criança brutalmente. Alguém poderia dizer: "Mas essa é a realidade daquele lugar". Então, se fosse para denunciar estupros sofridos por crianças e adolescentes, teria que haver cenas de tais acontecimentos, inclusive com a utilização de menores?"
José Carlos Barreto (Mirante do Paranapanema, SP)


Os donos do mundo
"Na iminência de viajar, em férias, para a Turquia, um dos berços de nossa civilização, vejo-me na obrigação de, além de consultar os deuses e os oráculos, pedir conselho a mr. Bush sobre a data em que pretende coalhar os céus daquela região com mísseis. Aliás, ando com o pescoço doendo de tanto olhar para as tabuletas de câmbio, manipuladas por mr. Soros. Até quando aqueles que se julgam donos do planeta continuarão a nos tratar como uma peça de um jogo sujo?"
Antonio Clarét Maciel dos Santos (São Paulo, SP)


Editoriais
"O editorial "Medida afirmativa" (Opinião, pág. A2, 29/8) criticou a política de cotas em universidades públicas para negros e para alunos da escola pública. Ao mesmo tempo elogiou política que propicia a essa mesma clientela preparar-se em cursinhos. A política de reserva de vagas é mais promissora. Três ou quatro gerações que recebam esse benefício engrossarão consideravelmente essa clientela, permitindo, então, no futuro, que negros e "públicos" disputem vagas em pé de igualdade. E não apenas nas universidades, mas também em concursos públicos. Já a oferta de complementação do aprendizado recebido na escola pública obrigará a que o jovem repita parte dos três anos de ensino médio que já cursou, retardando seu ingresso na vida produtiva."
Santo Jose Soares (Catanduva, SP)

"Acefalia global" (Opinião, pág. A2, 31/8) foi um dos melhores editoriais da Folha deste ano. Do mesmo modo que em Johannesburgo se propõem "cotas" de PIB dos países ricos para auxiliar os pobres nas questões ambientais, na área da saúde a OMS faz o mesmo, com apoio de respeitáveis universidades americanas, pedindo aumento de cinco vezes na ajuda dos ricos para os pobres. Mas os EUA, para variar, se opõem e, em primeiro lugar, querem a tal "lição de casa" (plano de metas, evitar corrupção etc). Como uma coisa é impossível sem a outra, fica-se no mesmo lugar."
Celio Levyman médico (São Paulo, SP)


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