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O preço da saúde
Numa evidência de que as políticas antitabagistas vêm surtindo
efeito, pesquisa realizada pelo
Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelou que, em duas décadas,
a parcela de fumantes da população brasileira com mais de 18 anos
reduziu-se quase pela metade. Se
em 1989 33% dos cidadãos nessa
faixa fumavam, 20 anos depois o
percentual caiu para 18%.
Considerando-se os maiores de
15 anos, 17,5% da população do
país consome tabaco -o que corresponde hoje a cerca de 25 milhões de pessoas. No México, a
proporção de fumantes é de 15,9%
e, na China, de 27%.
Na divisão por gênero, 22% dos
brasileiros e 13% das brasileiras
são tabagistas. De acordo com o
levantamento, divulgado nesta
semana, as mulheres começam a
fumar antes que os homens -e
também os antecedem no abandono do vício. A gravidez seria
uma das explicações para esse
comportamento.
Como previsível, a presença de
fumantes é maior na faixa de 45 a
64 anos. São pessoas de um tempo
em que o cigarro brilhava em comerciais da TV, podia ser acendido em aviões e era tido por muitos
como vício elegante.
As advertências públicas acerca
dos males do fumo apareceram na
década de 1960. Os britânicos, em
1962, foram os primeiros a exigir
que produtos derivados do tabaco
estampassem avisos sobre potenciais riscos à saúde.
Na prática, esses alertas pouco
significaram. Foi só a partir da década de 1980 que o combate ao cigarro virou política pública. Hoje,
o tabaco é considerado o principal
fator de mortalidade passível de
prevenção. Um verdadeiro cerco a
seu uso foi organizado por meio
de medidas restritivas.
Um dos principais argumentos
esgrimidos pela cruzada antitabagista é o custo que os fumantes representam para a saúde pública.
Já há até planos privados que cogitam oferecer descontos caso o
conveniado não fume ou abstenha-se de consumir álcool.
Faz sentido que Estado e empresas pautem-se pela eficiência. No
entanto, a tentativa de precificar
hábitos, vícios e comportamentos
requer alguma moderação. Não só
pelas incertezas inerentes a esse
tipo de cálculo mas pelo risco que
pode representar ao livre-arbítrio.
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