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KENNETH MAXWELL
Confessando
As universidades são muito
boas em aconselhar os outros
sobre como devem se comportar. Mas muito menos transparentes no que tange às suas
transgressões. Harvard serve como exemplo.
Surgiu nesta semana o
anúncio de que Marc Hauser,
um popular professor e pesquisador do Departamento de
Psicologia e diretor do Laboratório de Evolução Cognitiva de
Harvard, não lecionaria mais
na Escola de Extensão Universitária da universidade. O professor Hauser está em licença
compulsória neste momento.
Mas Harvard não foi transparente em relação ao problema.
O diretor da área de artes e
ciências, Michael Smith, enviou uma carta ao corpo docente, em agosto, informando
que o professor Hauser havia
sido considerado "pessoalmente responsável" por oito
delitos de conduta científica
na coleta, análise e armazenagem de dados e na prestação
de contas quanto a métodos de pesquisa.
A revista "Chronicle of Higher Education" oferece mais
detalhes. Mencionando um
documento interno, encaminhado à publicação de forma
anônima por um antigo assistente de pesquisa de Hauser, a
reportagem revela que a queixa central se relacionava a
uma experiência que testava a
capacidade de macacos rhesus para reconhecer padrões de som.
O professor Hauser havia
trabalhado em estudos que
pareciam demonstrar que, como os seres humanos na primeira infância, os macacos
rhesus têm a capacidade de
distinguir esses padrões, que
são um dos componentes no aprendizado da linguagem.
Um assistente de pesquisa e
um aluno de pós-graduação
foram incapazes de reproduzir
as experiências que Hauser relatou ter realizado. E surgiu a
informação de que diversos
outros membros do laboratório de Hauser também acreditavam que ele havia reportado
dados falsos e insistido em que fossem utilizados.
Em 2007, o assistente de
pesquisa fez sua queixa ao
ombudsman de Harvard e
posteriormente a encaminhou
à reitoria. Mas a universidade
demorou três anos para concluir sua investigação, que
identificou problemas em diversos dos estudos acadêmicos conduzidos por Hauser.
Como o professor havia recebido verbas federais de pesquisa, o relatório da universidade foi encaminhado ao Serviço de Integridade de Pesquisas do Departamento da Saúde e Serviços Humanos norte-americano.
Alguma coisa acontecerá?
Duvido muito. Cabe ressaltar
que o professor Hauser é o autor de "Mentes morais: como a
natureza criou nosso senso universal de certo e errado".
No momento, ele está trabalhando em um novo livro: "As
delícias da maldade: como desenvolvemos o gosto por fazer
o mal".
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI.
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