São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES As empresas e o "Analfabetismo Zero"
ODED GRAJEW
As empresas podem também fazer parcerias com prefeituras e governos estaduais para financiar programas governamentais de alfabetização. Mas há outras formas de contribuir. Por exemplo, as empresas podem ajudar o poder público a contar e localizar os analfabetos em cada município, seja destacando funcionários para a pesquisa de campo, seja doando computadores ou participando da formulação de pesquisas. Saber quem são e onde estão os analfabetos é fundamental para que nenhum brasileiro perca a oportunidade de aprender a ler e escrever. As empresas, em parceria com a comunidade, podem se aliar ao governo, criando mecanismos locais de acompanhamento dos programas de alfabetização (o MEC disponibiliza informações sobre as instituições alfabetizadoras nos municípios). Toda empresa tem uma área de influência, que vai de funcionários, clientes e fornecedores até instituições como sindicatos e associações. Atuar junto a esse público, a favor da abolição do analfabetismo, é mais uma maneira de contribuir, funcionando como um pólo de mobilização, atraindo novos parceiros para o Programa Brasil Alfabetizado. Um "placar da alfabetização" permitirá à sociedade acompanhar dia a dia o número de pessoas alfabetizadas em todo o país e servirá para orientar as ações do governo e instituições alfabetizadoras, até que o Brasil esteja livre do analfabetismo. O placar da alfabetização destacará as instituições governamentais e não-governamentais que estiverem ajudando a abolir o analfabetismo. As informações serão divulgadas em diversos pontos do país e ficarão disponíveis on-line para consulta da sociedade, além de estarem interligadas a gabinetes de diversas autoridades, entre elas o ministro da Educação e o presidente da República. A inserção social dos 20 milhões de brasileiros que ainda não sabem ler e escrever vai ajudar a construir um país justo e mais humano e vai colaborar com o nosso crescimento econômico (o Ipea estima que o fim do analfabetismo pode elevar o PIB em 5%). Estima-se que existam no Brasil aproximadamente 4 milhões de empresas. Se a metade delas se comprometesse a alfabetizar quatro brasileiros por ano, em dois anos e meio teríamos zerado o analfabetismo em nosso país! Esse é apenas mais um exemplo das possibilidades que temos no Brasil, através da solidariedade, de zerar a fome de comida, educação, saúde, trabalho, cultura; enfim, de todos os direitos humanos. O setor empresarial, tão poderoso e detentor de tantos recursos, tem um papel fundamental nessa empreitada. Oded Grajew, 59, empresário, idealizador do Fórum Social Mundial e presidente licenciado do Instituto Ethos, é assessor especial do presidente da República. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Rosana Chiavassa: A mulher na advocacia: direito sem rótulos Índice |
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