São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAINEL DO LEITOR

Debate
"Foi com tristeza, mágoa e indignação que li, na Primeira Página de ontem deste importantíssimo jornal, um texto do jornalista Nelson de Sá em que eu era acusado de ter sido, no debate de anteontem na TV Globo, "boca de aluguel" do candidato José Serra contra a candidata Marta Suplicy. Essas curtíssimas, mas explosivas, linhas na Primeira Página do maior jornal do país destruíram irremediavelmente todo o honesto, árduo e digno trabalho de minha primeira campanha de candidato a um cargo público. "Boca de aluguel" é a expressão que, na política eleitoral, designa o candidato indigno, que, em troca de favores e de dinheiro, ataca, calunia e injuria outro adversário, geralmente divulgando, contra ele, denúncias falsas, boatos e rumores, diretamente ou por meios secretos e ilícitos. Desafio qualquer um a buscar em minha campanha, em meu material publicitário, em minhas declarações e em meu site na internet qualquer declaração, frase ou uma só palavra injusta, caluniosa ou falsa contra qualquer candidato. Qualquer! Ao longo de toda a minha campanha, apresentei propostas para a cidade tanto em meu material publicitário, nos termos da lei eleitoral, como nos debates e no meu modesto e curto programa de 1 minuto e 28 segundos no rádio e na TV. O jornalista que assina o texto que me ofendeu comete um atentado ao processo democrático ao acusar-me de ato tão indigno a exatamente 48 horas do início das eleições. A citação injusta, sem provas -que jamais terá, pois inexistentes-, não honra o prestigioso jornal em que foi publicada a ofensa. Que mal fiz para merecer ataque tão rancoroso e covarde? Tenho certeza de que a Folha, jornal que, já na campanha das Diretas, mostrou seu maior compromisso com a democracia e a justiça, punirá com rigor tão clamoroso absurdo erro. A publicação desta minha carta no "Painel do Leitor" não diminuirá o enorme prejuízo causado à minha honra pelos milhares de exemplares de jornal que circularam ontem, mas, enfim, cumpro com o ritual enquanto meu advogado prepara o pedido à Justiça de reparação para tão grande prejuízo! Uma possível reparação na Justiça também não me devolverá a alegria -que me acalentava até ler a Folha, como faço todas as manhãs- de ter feito uma campanha limpa, honesta e propositiva."
Paulo Pereira da Silva (Paulinho), candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PDT (São Paulo, SP)

Interesses escusos
"Como brasileiro, acompanho a disputa entre o doutor Serra e a nobre prefeita de São Paulo, até porque sempre o PT fez do Estado de São Paulo seu objetivo estratégico. José Serra foi cassado no primeiro grupo de punidos em março de 64, foi presidente da UNE, um líder esquerdista. Foi para o exílio e só retornou anistiado. Não entendo a brutalidade que a militância do PT destina a um homem de esquerda. A violência não surpreende, pois de forma pior ainda os "fascistas vermelhos" -como os apelidou Rachel de Queiroz- trataram Mário Covas. O que me surpreende é a conduta do candidato Paulo Maluf, nitidamente a serviço do PT, que o execrava. Estou me desfiliando do PP, depois de ter sido fundador da Arena, da qual o PP é o último rebento. Não mais temos um programa, segundo doutrina política, mas um desprezível jogo de interesses escusos."
Jarbas Passarinho (São Paulo, SP)

Câmara Municipal
"A reportagem "Conheça 35 candidatos a vereador em SP" (Eleições 2004, 26/9) foi antidemocrática e parcial, prejudicando, à beira da eleição, candidatos que foram deixados de fora da publicação e que têm um trabalho parlamentar reconhecido, como o vereador Francisco Chagas, líder do PT na Câmara, e outros que protestaram à Redação. É óbvia a importância de estar em prévia seleção de veículo como a Folha às portas do pleito, por isso apelo à avaliação do ombudsman para que o caderno Eleições 2004 republique a reportagem antes das eleições, com a inserção de Francisco Chagas e de outros, erroneamente ausentes. O critério de seleção dos escolhidos (indicações de 107 personalidades, associações, sindicatos e entidades) é equivocado, não-científico e possibilita grande margem de erro -em que figuram Chagas e outros-, pois não usa regras de pesquisa: estratificação, registro, dados estatísticos etc. Como base da queixa, cito duas avaliações dos parlamentares -o balanço do Instituto Ágora e a apuração da Voto Consciente-, manchete dos dias 25/8 e 29/9 dos principais jornais e, em 1º/10, como fonte de informação o caderno especial sobre vereadores do jornal "Diário de S. Paulo". Francisco Chagas está em todos eles entre os melhores vereadores da cidade, a despeito de seu curto mandato, o que torna a boa classificação ainda mais representativa."
Carmen Olivieri, assessora de imprensa do vereador Francisco Chagas (São Paulo, SP)

Gilberto Freyre
"Venho comentar nota publicada na seção "Entrelinhas" (caderno Ilustrada) de 25/9 sobre a ausência de obras de Gilberto Freyre na relação de títulos a serem adquiridos pelo Programa Livro Aberto 2000. O autor está, sim, presente na lista de 2.000 títulos selecionados pela comissão do programa -na coleção Intérpretes do Brasil, em três volumes, da editora Nova Aguilar. A coleção inclui três livros do sociólogo: "Casa-Grande & Senzala", "Sobrados e Mucambos" e "Ordem e Progresso". Integram a mesma coleção clássicos de Sergio Buarque de Hollanda, Caio Prado Júnior, Florestan Fernandes e outros pensadores. A informação pode ser conferida no "Diário Oficial" de 29/9, que publicou a relação de obras escolhidas pela comissão julgadora."
Luiz Eduardo Conde, diretor-executivo da Fundação Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro, RJ)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".

Voto
"Sobre o grave tema da carta do arquiteto Cesar Galha ("Painel do Leitor", 30/ 9), quero mostrar, de forma positiva, alguns fatos reais sobre o atual sistema eleitoral brasileiro: 1) Jamais será confiável; 2) Nunca haverá demonstração cabal de que é seguro, por mais que palavras a favor disso sejam jogadas ao vento; 3) Os softwares eleitorais podem ser sempre modificados pelo TSE ou por seus apaniguados e subcontratados para fajutar o cadastro, a votação, a totalização, o que se quiser; 4) As atuais urnas eleitorais brasileiras são seguras apenas contra hackers externos, mas são um "queijo suíço" para hackers internos. Para quem ainda não tenha entendido, explico melhor: só gente "de fora" do TSE não mexe nos programas, mas gente "de dentro" mexe, sim -quando, onde, como e quanto quiser para obter o resultado desejado. E nós, eleitores, nunca teremos prova de nada nem contraprova, porque eles não permitem a fiscalização adequada, tampouco a prova do voto impresso. Desligou, acabou. Restará apenas o BU -boletim de urna-, e acredite nele quem quiser, se quiser. Mais fatos no www.votoseguro.org."
Luiz Ribeiro Cordioli (São Carlos, SP)


Texto Anterior: Bruno Speck: Riscos, falhas e falsas promessas
Próximo Texto: Erramos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.