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PRESSÃO SOBRE A SÍRIA
É bem-vinda a pressão que a
ONU está fazendo sobre a Síria.
Estados membros da organização
não podem de modo algum optar
por assassinar líderes políticos estrangeiros que contrariam seus interesses ou acobertar responsáveis por
crimes dessa natureza.
Assim, é corretíssima a decisão do
Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas de determinar que Damasco coopere integralmente com a
comissão internacional que investiga
o homicídio de Rafik Hariri, premiê
do Líbano de 1992 a 1998 e de 2000 a
2004. Hariri foi morto em Beirute em
fevereiro, e há fortes indícios de que
os serviços de segurança sírios estão
por trás do atentado. Na verdade, um
relatório preliminar da comissão da
ONU, que é chefiada pelo procurador alemão Detlev Mehlis, chegou a
apontar um irmão e um cunhado do
presidente sírio como suspeitos.
A resolução, que foi aprovada por
unanimidade nesta semana, obriga a
Síria a dar acesso irrestrito à comissão e a deter todos os suspeitos que
ela deseje interrogar. Se Damasco
não cumprir as determinações, "medidas adicionais" serão consideradas. Em sua versão original, a resolução previa sanções econômicas para
o caso de a Síria não cooperar. Mas
Brasil, China, Rússia e a Argélia
-aliados de Damasco no CS-
pressionaram pela retirada da referência. Para que a votação fosse unânime, os EUA concordaram. É impressionante, a propósito, a freqüência com que o Brasil fica em más
companhias nessas situações.
O líder sírio, Bashar al Assad, tem
agora diante de si uma decisão difícil. Ou sacrifica o irmão Maher al Assad, que é comandante de uma importante unidade militar, e o cunhado Assef Shakwat, que é o chefe da
inteligência militar, ou se verá em
maus lençóis com a comunidade internacional, que acabará por impor-lhe isolamento e sanções.
A dúvida é se o jovem Assad, que
herdou do pai o cargo de presidente,
mas não todas as rédeas do poder,
tem força para contrapor-se ao influente estamento militar sírio, se for
de fato essa sua intenção.
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