São Paulo, quarta-feira, 02 de novembro de 2005

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FERNANDO RODRIGUES

Acordos explícitos

BRASÍLIA - O clima esquentou. Há políticos falando em agressão física ao presidente. Tem gente do governo preocupada com emissários da oposição checando a contabilidade de clínicas de saúde que fazem operação plástica (ação secretíssima sobre a qual talvez nada venha a público).
Apesar de todas essas movimentações heterodoxas, a maioria ainda aposta no acordão. Eis um exemplo: "É um homem [o tucano Eduardo Azeredo] de bem, honesto, vítima de um processo de reação política. Isso deveria ser tratado na Justiça Eleitoral, e não no foro político".
Quem fez essa defesa de Eduardo Azeredo? Algum tucano, certo? Errado. Foi o senador Tião Viana (PT-AC), um dos pontas-de-lança da operação água-na-fervura dentro do Congresso. A chance de a investigação avançar é ainda remota.
A grande expectativa continua sobre a movimentação financeira de Duda Mendonça no exterior. É o fio da meada mais substantivo a ser puxado. Só que a sucessão de atrasos da CPI dos Correios para pôr a mão nos papéis deve levar o caso para o ano que vem. O "mensalão" já estará possivelmente em baixa, sofrendo de fadiga de material.
Alguns petistas que entendem de contas no exterior apresentam um semblante calmo ao extremo ao falar da conta de Duda. Só vai aparecer depósito de doleiros, dizem. Para vasculhar também essas contas, o prazo é a perder de vista.
A chance de haver uma reviravolta real no caso do "mensalão" se divide em três: 1) alguma personagem de credibilidade surtar e dar uma entrevista no estilo "eu-vou-contar-tudo"; 2) a CPI dos Correios andar com rapidez até a origem do dinheiro no exterior; 3) algum ponto fora da curva, como já houve com Severino Cavalcanti com o "mensalinho".
Fora isso, a temperatura fica quente, mas o calor se dissipa no ar sem provocar fogueira. E Lula não iria ao "Roda Viva" na segunda-feira se não tivesse a certeza disso.

@ - frodriguesbsb@uol.com.br


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