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FERNANDO RODRIGUES
Acordos explícitos
BRASÍLIA - O clima esquentou. Há políticos falando em agressão física
ao presidente. Tem gente do governo
preocupada com emissários da oposição checando a contabilidade de clínicas de saúde que fazem operação
plástica (ação secretíssima sobre a
qual talvez nada venha a público).
Apesar de todas essas movimentações heterodoxas, a maioria ainda
aposta no acordão. Eis um exemplo:
"É um homem [o tucano Eduardo
Azeredo] de bem, honesto, vítima de
um processo de reação política. Isso
deveria ser tratado na Justiça Eleitoral, e não no foro político".
Quem fez essa defesa de Eduardo
Azeredo? Algum tucano, certo? Errado. Foi o senador Tião Viana (PT-AC), um dos pontas-de-lança da operação água-na-fervura dentro do
Congresso. A chance de a investigação avançar é ainda remota.
A grande expectativa continua sobre a movimentação financeira de
Duda Mendonça no exterior. É o fio
da meada mais substantivo a ser puxado. Só que a sucessão de atrasos da
CPI dos Correios para pôr a mão nos
papéis deve levar o caso para o ano
que vem. O "mensalão" já estará possivelmente em baixa, sofrendo de fadiga de material.
Alguns petistas que entendem de
contas no exterior apresentam um
semblante calmo ao extremo ao falar
da conta de Duda. Só vai aparecer
depósito de doleiros, dizem. Para vasculhar também essas contas, o prazo
é a perder de vista.
A chance de haver uma reviravolta
real no caso do "mensalão" se divide
em três: 1) alguma personagem de
credibilidade surtar e dar uma entrevista no estilo "eu-vou-contar-tudo";
2) a CPI dos Correios andar com rapidez até a origem do dinheiro no exterior; 3) algum ponto fora da curva,
como já houve com Severino Cavalcanti com o "mensalinho".
Fora isso, a temperatura fica quente, mas o calor se dissipa no ar sem
provocar fogueira. E Lula não iria ao
"Roda Viva" na segunda-feira se não
tivesse a certeza disso.
@ - frodriguesbsb@uol.com.br
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